Milhares de pessoas participaram de um ato público em frente a Igreja Matriz Imaculada Conceição, em Dourados (hoje Catedral), no dia 5 de dezembro de 1983, portanto, há 40 anos. Na oportunidade, o deputado federal pelo PDT, Mário Juruna, condenou a política do governo federal para com os índios, afirmando que "todo dia morre um Marçal de Souza, sem que o governo tome providências para coibir os abusos que os brancos estão fazendo com nossa classe".
O ato público teve início após a missa de 7º dia em intenção à alma de Marçal de Souza, líder indígena assassinado no dia 25 de novembro daquele ano, na aldeia Campestre, município de Antonio João. O evento reuniu líderes indigenistas de todo o país, inclusive o vice-governador do Rio de Janeiro, Darci Ribeiro. Juruna, com seu modo simples, fez com que houvesse silêncio durante a sua empolgada fala, arrancando aplausos quando se referia com veemência, criticando as autoridades que nada fazem pelos seus irmãos índios, principalmente, quando pediu uma "reforma agrária", publicou o jornal O Progresso.
Juruna foi eleito deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro em 1982. Tentou um novo mandato de 1990 e em 1994 mas não conseguiu se reeleger. Foi o primeiro parlamentar indígena a ocupar uma posição de destaque no cenário nacional. Morreu aos 58 anos, em decorrência de diabete crônica. Deixou 11 filhos. Ficou conhecido por carregar um gravador no qual registrava conversas e promessas de políticos.
Tupã’i
Marçal de Souza - Tupã'i - foi assassinado no dia 25 de novembro de 1983, por volta das 21h, na aldeia Campestre, município de Antonio João onde trabalhava como enfermeiro.
Marçal nasceu no dia 24 de dezembro de 1920, na localidade de Rincão de Júlio. Desde os oitos anos de idade, morava na aldeia em Dourados.
Marçal ajudou a fundar a Missão Kayoá e nela trabalhou como enfermeiro, durante muitos anos, até que passou para a Funai, na qual continuou a exercer a mesma profissão até o dia em que foi morto. (Fonte: O Progresso).