Como amante da aviação (fiz o curso, mas não "brevetei"), vou me permitir fazer algumas conjecturas em relação ao acidente da VoePass, ocorrido na última sexta-feira (09/08), em Vinhedo (SP).
Obviamente, toda e qualquer suposição, seja de quem for, é prematura em relação às causas do acidente. A verdade só será conhecida após o relatório do Cenipa (autoridade brasileira do setor), que não tem prazo determinado para conclusão.
Mas alguns detalhes chamam a atenção neste caso: não houve relato de qualquer problema a bordo pelos pilotos ao controle aéreo regional, como é comum nestes casos; o avião, pelo que se depreende dos vídeos que circulam na internet, não teve problemas com explosão, ou incêndio a bordo. A fuselagem estava intacta até o momento do choque com o solo.
Aparentemente, também não houve falha dos motores, pane "seca" (falta de combustível), ou coisa do gênero. Se um dos motores tivesse parado, a aeronave poderia continuar voando, apenas num nível de voo mais baixo.
Caso ambos os motores (turbohélices) tivessem falhado (ou no caso de uma pane "seca"), a aeronave poderia planar e, eventualmente, pousar em segurança no aeroporto de Campinas, a pouco mais de 20 km de Vinhedo (cerca de 5 minutos de voo).
Nada disso parece ter acontecido: o ATR-72 simplesmente despencou do céu, numa queda livre em "parafuso chato" - que, no jargão aeronáutico, significa um "stol" (perda de sustentação) em que a aeronave gira em círculos, numa posição horizontal.
Em suma, este é um acidente que tem características muito estranhas e peculiares. Assim como no caso do voo 447, da Air France - acidentado em 2009 na rota Rio-Paris -, os detalhes só deverão vir à tona a partir da análise das caixas-pretas da aeronave, que já estão em poder do Cenipa.
Como em todo acidente aeronáutico, o que se espera é que as causas deste estranho acidente, sejam elas quais forem, possam servir de aprendizado e de alerta, para que o mesmo não mais ocorra, aqui ou em qualquer outro lugar do mundo.