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Em Dourados, 2,5 mil famílias indígenas vivem debaixo da lona

06 Nov 2019 - 07h00Por Valéria Araújo
Moradora diz que nunca morou numa casa de alvenaria - Crédito: O ProgressoMoradora diz que nunca morou numa casa de alvenaria - Crédito: O Progresso

Com 17 mil indígenas, maior população do que 40 municípios de Mato Grosso do Sul, a Reserva de Dourados está longe de receber a atenção do poder público na área habitacional. De acordo com Fernando de Souza, servidor público e liderança indígena, são 2,5 mil famílias vivendo debaixo de lonas ou em estruturas improvisadas. São homens, mulheres e crianças e idosos que vivem em péssimas condições de moradia, alojados em barracos de lona e sem saneamento básico. Há 11 anos não existe programa habitacional dentro das aldeias do município.

De acordo com relatório apresentado por entidades ligadas à questão indígena, até 2012, o déficit habitacional era de 1.450 casas, hoje, este número subiu para 2,5 mil, segundo a estimativa. O documento levou em conta que haviam 4 mil famílias que habitam as aldeias. No entanto, apenas 1.200 casas foram construídas através de projetos habitacionais. As outras famílias ergueram moradias com recursos próprios.

Em barracos de lona ou sapé, mães criam os filhos em condições precárias. O calor extremo e o frio são os desafios da comunidade. O déficit de moradia é causado porque o poder público, seja Prefeitura e Governo do Estado, nesses últimos anos paralisaram qualquer política pública voltada para a comunidade indígena. "Ainda existe uma dificuldade dos governantes lembrarem que o índio também é cidadão ", lamenta, observando que a transformação territorial em que passaram os índios bem como a falta de recursos naturais impedem que as casas sejam construídas como na origem dos povos indígenas.

A consequência da precariedade das moradias é a vulnerabilidade social sofrida pelas pessoas. “Hoje há altos índices de problemas respiratórios sofridos pela comunidade indígena e as famílias estão adoecendo também por causa da moradia precária. Há um impacto psicológico e social muito grande. As famílias com pouca perspectiva de melhorias e nada acontece para aliviar o sofrimento dessas pessoas”, destaca.

Há dois anos,  Fernando esteve em Brasília e levou a necessidade de Dourados e região para a Funai Nacional. Ele disse que existe um projeto de melhoria de condições de vida para os índios que estão em acampamentos, mas que não havia programas para quem já está em terra legalizada. "Essa é uma atribuição dos governos municipais e estaduais, mas a última vez que Dourados foi contemplada com a construção de moradias na Reserva foi em 2008. De lá para cá, muitas famílias se formaram e foram morar em condições precárias", lamenta.

A indígena Silvana Rodrigues Cardoso, de 43 anos disse ao O PROGRESSO, recentemente, que ao longo de sua vida nunca morou em uma casa de alvenaria. "A gente fez cadastro em casas populares mas elas nunca chegaram na Reserva. Para ter uma casa terei que optar entre construir ou comer e vestir meu filho", reclama, lembrando que vive com renda de R$ 300 mensal, valor que o marido consegue com as diárias de servente de pedreiro, que nem sempre estão disponíveis. "Esperamos que um dia olhem por nossa família e tantas outras aqui da aldeia que precisam de ajuda", acrescenta.

 

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