Crédito: IlustraçãoDourados já registrou a infecção de 228 profissionais que atuam na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Dois deles, um médico e uma técnica de farmácia, morreram em decorrência da doença. Os dados apresentados desta reportagem são da Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Dourados.
Segundo o levantamento obtido por O PROGRESSO, o mais afetados são os técnicos de enfermagem, seguidos dos enfermeiros e médicos.
As mulheres são as mais afetadas, também por serem maioria no serviço de saúde. Elas representam 77% dos infectados, enquanto servidores do sexo masculino 23%.
Atualmente já são 164 profissionais recuperados. Outros 3 (médicos) seguem internados, dois deles em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). 79 profissionais ainda seguem afastados em isolamento domiciliar.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, já há evidências de contágio dentro das unidades, inclusive com mortes de pacientes ocorridas por infecção cruzada, tema de reportagem especial desta edição.
Essa situação tem tornado a rotina de trabalho dos servidores extremamente exaustiva. A tensão de lidar com pacientes infectados, a falta de condições necessárias para segurança pessoal e a sobrecarga de trabalho devido o déficit provocado pelos afastamentos, tornam a atuação no sistema de saúde quase que insustentável.
Para o psicanalista Edgard Machado, essa macro pressão provoca efeitos irreversíveis no indivíduo. Síndrome de Burnout, síndrome de pânico, depressão e ansiedade são alguns exemplos de patologias comuns entre os trabalhadores dessa categoria. Ele alerta que se não houver investimento do poder público na saúde mental dos profissionais da saúde, o déficit por afastamento pode aumentar ainda mais, colapsando o sistema público.
“É necessário que o profissional de saúde cuide de si, ciente de que é a pessoa mais importante no processo de cuidar. Estes profissionais devem conscientizar-se que se não estiver bem, não poderá cuidar de outras pessoas. Gestores conscientes têm verificado que, se não houver um acompanhamento psicológico, esse quadro não se resolve, apenas se mascara”, afirma.
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