
Foi na pequena Vila São Pedro, a poucos quilômetros de Dourados, que O Progresso encontrou aquele que talvez seja um dos maiores escultores de Dourados. O termo “maior” aqui se refere ao alcance que o trabalho do artista alcançou mas é também no sentido literal: as obras de Elias José Simões são em tamanho natural e desde 2015 o artista se dedica exclusivamente à arte sacra. Suas santas já estão em estados como Bahia, Ceará, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
Elias José Simões é, na acepção da palavra, um grande escultor. Literalmente
Ironia do destino, Elias começou na escultura em 1988, entalhando em pequenas plaquinhas de madeira, que vendia na feira da Rua Cuiabá. Vendo que as plaquinhas não seriam suficientes para manter a família que aumentava, em 1992 se especializou na escultura em cerâmica com outro artista bastante conhecido e que sempre foi referencia nessa técnica: o saudoso Mestre Cilso. No ateliê a vocação nata ganhou técnica e visibilidade: foi Elias que esculpiu a capivara colocada em um dos canteiros centrais da cidade e que teve a cabeça arrancada no meio da farra de um grupo de jovens. A farra irresponsável inclusive foi bastante noticiada mas ninguém foi punido pelo vandalismo.
Elias não se abalou e prosseguiu, realizando exposições no Clube Indaiá, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal e na Associação Atlética Banco do Brasil. À época ainda estava na fase dos motivos pantaneiros como inspiração: capivaras, onças e outros animais, além de esculturas pintadas com temática marajoara. Já tinha também ultrapassado fronteiras: desafiado por um prefeito de Laguna Caarapã a fazer uma escultura que simbolizasse a tradição da cidade para ser colocada logo na entrada da cidade, fez, como sempre em tamanho natural, um pé de soja, uma vaca Jersy e um cavalo. Como é sabido, a cidade tem no seu calendário de eventos a Festa do pé de soja solteiro, é forte na pecuária e o terceiro elemento da obra, o cavalo, é o “veículo” dos campos. Acertou na mosca.
Dali em diante, as encomendas não pararam que observar bem as entras e áreas centrais de cidades como Caarapó, Itaporá, Maracaju, Fátima do Sul ou Japorã, dentre outras, verá uma obra de Elias Simões. A mudança a que se referiu esta reportagem aconteceu quando foi encomendada ao artista a confecção de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, que seria comprada para doação ao Santuário Nossa Senhora Aparecida. Foi com lágrimas sinceras que Elias contou que depois de alguns dias sua vida deu uma guinada: todos queriam uma imagem da Santa, que é padroeira do Brasil e do município. Recebia encomendas também de fazendeiros, sendo que alguns pediam também que a peça viesse junto com um santuário. “Minha vida mudou com aquela santa que fiz para o santuário. Desde então só faço arte sacra”, relatou.
Elias levou o conceito de “arte sacra” como o que ela é: uma arte com o sincretismo que marca a fé no Brasil. Assim como as santas inspiram e motivam a fé dos católicos, o Templo do Girassol, localizado em frente à sede da Embrapa em Dourados, é o maior museu de orixás da Umbanda já construído no Brasil. O espaço reúne mais de 30 esculturas de 3 metros de altura, verdadeiras obras de artes que inspiram e fortalecem a fé principalmente daqueles que, sendo adeptos dessa vertente religiosa, buscam ajuda espiritual. É visitado por turistas religiosos do mundo inteiro. O autor de todas as peças? Elias Simões.
Elias é um exemplo e artista completo: no caso das antas e de todas as suas outras obras, é ele, com a ajuda do filho Jânio, que faz tudo. As santas, por exemplo, são confeccionadas com o “esqueleto” de ferro, sobre o qual é colocado o cimento, deixando a peça mais leve. O rosto e outros detalhes Elias dá formato com uma pequena faquinha.
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