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Consumo de álcool cresceu vertiginosamente na pandemia

Pesquisas também apontam para aumento da frequência do uso de cigarro, ansiolíticos e drogas ilícitas

19 Set 2021 - 12h00Por Gracindo Ramos
Homens na faixa etária de 30 a 39 anos são os que mais aumentaram o consumo de álcool - Crédito: iStockHomens na faixa etária de 30 a 39 anos são os que mais aumentaram o consumo de álcool - Crédito: iStock

A edição especial do Global Drug Survey (GDS) para a pandemia da Covid-19 revelou que o Brasil teve um aumento de 13,1% no consumo de álcool. O número ficou um pouco abaixo da média global, que foi de 13,5%.  Sobre a ampliação do consumo de bebida alcoólica, o levantamento aponta que 42% dos entrevistados consideram que o que mais impactou foi o tempo livre. Já 27% afirmam estarem mais estressados durante a pandemia. E 20% se sentem mais sozinhos, o que leva ao abuso de álcool para suprir a falta de companhia. A análise global foi feita com 55 mil pessoas ouvidas em todo o mundo, incluindo brasileiros.

Outra pesquisa mundial, da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), feita em 33 países entre maio e junho de 2020, mostra que quase metade dos brasileiros entrevistados (42%) disse que consumiu muito mais álcool na pandemia. Para 52,8% das pessoas entrevistadas o medo da Covid e a ansiedade eram os principais fatores. E a maioria relatou que não buscaram ajuda profissional para diminuir o consumo.

A psicóloga Letícia Oliveira Silva alerta que “existem diversas pesquisas mostrando o aumento do álcool na pandemia. Dados do IBGE afirmam que a produção de bebida alcoólica cresceu 17,6% nos primeiros quatro meses de 2021, em comparação ao mesmo período de 2020. Mostrando aumento do consumo de álcool no Brasil no último ano. Além disso, sabemos que a pandemia trouxe grandes agravos na saúde mental, o que leva muitos ao uso de drogas e álcool”.

Roberto*, de 35 anos, autônomo de Dourados, conta que passou a consumir mais cerveja com a pandemia. Ele conta que por morar sozinho e não ter podido visitar familiares durante muito tempo e não ver amigos com tanta frequência, passou a ter mais tempo sem companhia, o que levou ao uso mais recorrente de álcool. “Eu costumava beber somente no final de semana ou quando estava com amigos. Mas, quando percebi, já estava bebendo sozinho, quase todos os dias um pouco”, observa.  

As bebidas alcoólicas passaram a ser mais consumidas por 17,6% dos entrevistados. Os homens (18,1%) são os que mais aumentaram a consumação em relação às mulheres (17,1%). Homens (24,6%) da faixa etária de 30 a 39 anos são os que mais revelaram aumento da frequência do uso de álcool. 24,2% das pessoas da pesquisa relataram que consumiram mais bebida alcoólica por se sentirem tristes ou deprimidos. A rede de vendas pela internet Compre & Confie viu quase dobrar (93,9%) as vendas de bebidas alcoólicas entre fevereiro e maio do ano passado em comparação ao mesmo período do ano de 2019.

Consumo de outras drogas também aumentou na pandemia

Outro levantamento, a “ConVid - Pesquisa de Comportamentos”, realizada pela Fiocruz em 2020, em parceria com a UFMG e a Unicamp, com mais de 44 mil adultos já mostrava esse crescente aumento do consumo de álcool, cigarro e outras drogas. 34% dos entrevistados fumantes apontaram que o consumo de cigarros aumentou na pandemia. Esse número é maior entre as mulheres, já que 29% delas passou a fumar mais ante 17% entre os homens. 

Fumante há 16 anos, *Sandra, professora de 42 anos, também passou a fumar mais cigarros por dia. “Eu tive sobrecarga de trabalho e também em casa. Acho que eu passei a fumar bem mais pelo estresse, a rotina”, acredita. Ela ainda conta que teve preocupação com a sua saúde mental e de pessoas próximas por conta dos efeitos da pandemia.

Já o consumo de maconha no país, segundo a Pesquisa Global de Drogas, aumentou 17,2%. Para uso de remédios para ansiedade - os benzodiazepínicos como diazepam, clonazepam e alprazolam -, o crescimento do uso segundo os entrevistados foi de 12,7%. E o consumo de cocaína, de acordo com o levantamento, cresceu 7,4%. Para usuários de maconha, o aumento teria se dado também pelo fato de terem mais tempo livre e 57% justificam estarem chateados com o isolamento. (*Nomes fictícios utilizados para os entrevistados, que preferiram manter o anonimato).

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