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Linguagem de sinais

Bebês surdos devem aprender Libras nos primeiros meses de vida

Pais têm de interagir com brincadeiras e usar linguagem para ajudar na socialização. Atividades buscam desenvolver habilidades visuais da criança

10 Out 2021 - 16h00Por Flávio Verão
Professora Janete de Melo Nantes, da UFGD, lançará livro sobre Libras no mês de novembro - Crédito: DivulgaçãoProfessora Janete de Melo Nantes, da UFGD, lançará livro sobre Libras no mês de novembro - Crédito: Divulgação

O teste da orelhinha, feito assim que o bebê nasce, pode ser o ponto de partida para a investigação de problemas de audição. Caso seja diagnosticada, a deficiência auditiva irá requisitar uma série de cuidados e acompanhamentos e a partir dos primeiros meses de vida poderá iniciar-se uma aprendizagem que envolve toda a família da criança: a alfabetização da Língua Brasileira de Sinais (Libras). 

Pedagoga e doutoranda em Letras, a professora Janete de Melo Nantes, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), diz que quanto mais precoce se ensina a Libras para a criança, maior será o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo. “Os conhecimentos que ela irá adquirir serão semelhantes de uma criança falante”, explica.

Janete faz parte de um grupo de pesquisadores que estudam a linguagem de sinais. Juntos estão lançando o livro “Libras: estudos linguísticos e culturais”. A obra reúne um conjunto de temas em torno da Libras, produzidos por professores e pesquisadores no campo dos estudos que envolvem as diferenças linguísticas, educacionais e culturais da comunidade surda. O livro possui nove capítulos com resultados de pesquisas e relatos, buscando aprofundar a investigação acerca do tema. 

A professora se dedica a Libras há duas décadas e destaca que é importante que a família acompanhe o processo de aprendizado de sinais da criança, até porque, normalmente, os pais são ouvintes e vão precisar aprender juntos a nova língua. Após a descoberta de uma surdez, por exemplo, feita pelo médico, é comum o profissional encaminhar a criança para terapia ou tratamento para adquirir a oralidade, com fonoaudiólogo. 

Contudo, conforme a professora Janete, pesquisas têm mostrado que o ensino da Libras para a criança, quando precoce, amplia o acesso ao conhecimento, diferente daquelas que só vão ter acesso a língua de sinais mais tarde, ocorrendo, com isso, defasagem no aprendizado. “Quanto mais precoce aprender a Libras, irá se expressar melhor”, reitera. 

Dourados não possui escola de Libras para que os pais possam aprender a linguagem de sinais para ensinar os filhos, mas há cursos gratuitos na internet, além de pagos. A secretaria de educação especial de cada município é uma alternativa para que a família possa buscar informações sobre como aprender a língua e como lidar com a criança. Na internet é possível encontrar cursos livres. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) possui vídeos aulas e espaço de tira dúvida com professores. O pai, a mãe ou familiar só não aprende a Libras se não quiser. 

Universidade
A Língua Brasileira de Sinais foi oficializada no país em 2002 e instituiu a presença de um tradutor ou intérprete de línguas em diversos espaços. Quase 20 anos depois, a quantidade de profissionais capacitados para atuar em sala de aula continua escassa. Em Dourados a situação começou a mudar com a formação de profissionais pela UFGD. A universidade é uma das poucas que forma professores especializados e faz a inclusão de pessoas surdas no mercado de trabalho.

A UFGD oferece os cursos de licenciatura e bacharelado em Letras com habilitação em Libras e em 2018 formou sua primeira turma. A professora Janete leciona nas turmas e explica que a licenciatura é a mais procurada por alunos surdos. Eles representam cerca de 40% dos estudantes. Mas isso não significa que a pessoa surda não possa procurar outro curso de graduação. A UFGD, por exemplo, tem um aluno surdo na medicina. 

O Livro
A obra “Libras, estudos linguísticos e culturais” é um trabalho de três professoras da UFGD, do curso Letras/Libras, mas conta com participação de pesquisadores de outros estados. Além da professora Janete de Melo Nantes, o livro conta com as professoras Rosana de Fátima Janes Constâncio (pedagoga e doutoranda em Letras) e Elizabeth Matos Rocha (Licenciada em Ciências com Habilitação em Matemática e mestre e doutora em Educação). A obra está prevista para ser lançada de forma online, em novembro deste ano. A data ainda será anunciada.

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