Vez ou outra, me ponha a pensar quão diferente o mundo (ou a História) poderia ter sido, caso determinados eventos não tivessem ocorrido. Às vésperas de mais uma eleição presidencial nos EUA, fico imaginando como teria sido o curso da Historia, caso o senador democrata (por Nova York) Robert "Bobby" Kennedy não tivesse sido assassinado e, eventualmente, fosse eleito presidente dos EUA, nas eleições de 1968.
Naquela época, Bobby Kennedy era uma espécie da "pop-star" da política norte-americana. Antes de se eleger senador, em 1964, havia sido Procurador-Geral dos EUA (1961-1964), durante os governos de John F. Kennedy (seu irmão) e Lyndon Johnson.
Enquanto Procurador-Geral (cargo equivalente ao de chefe da PGR no Brasil, mas com poderes ampliados), RFK lutou pelos direitos civis dos afro-americanos. Perseguiu a máfia, os racistas e segregacionistas brancos. Com isso, fez muitos inimigos, país afora.
Mas, talvez, sua contribuição mais importante para o mundo (e a humanidade) tenha sido durante a chamada "Crise dos Mísseis" em Cuba (1962). No momento mais decisivo da crise, ele se reuniu em Washington com o embaixador soviético, Anatoly Dobrynin, para garantir que os EUA não invadiriam Cuba, e retirariam seus mísseis Júpiter da Turquia - desde que isso não fosse divulgado (o acordo secreto só seria revelado 25 anos depois).
Com tal garantia - baseado apenas na palavra de um homem -, o líder soviético, Nikita Kruschev, decidiu retirar os mísseis de Cuba, pondo fim à crise, que levou o mundo a um passo do apocalipse de uma guerra nuclear total.
Todos os sonhos e projetos de RFK acabaram abruptamente, aos 42 anos de idade, depois de vencer as prévias do Partido Democrata na Califórnia. Na noite do dia 05 de junho de 1968 (já madrugada do dia 06), enquanto celebrava sua vitória com apoiadores no Hotel Ambassador, em Los Angeles, ele decidiu ir cumprimentar os funcionários da cozinha do hotel.
Neste instante, saindo das sombras insondáveis do ódio e do fanatismo político, um imigrante palestino, Sirhan Bishara Sirhan, alvejou o senador com quatro tiros, ferindo também outras pessoas ao redor. Bobby Kennedy morreria poucas horas depois, tendo o mesmo fim trágico de seu irmão mais velho, JFK, também assassinado em circunstâncias um tanto misteriosas, em 1963.
Passados 56 anos, só nos resta torcer para que os norte-americanos façam a melhor escolha possível - para si mesmos, e para o mundo. Em tempo: o assassino Sirhan B. Sirhan nunca explicou direito o porquê de seu ato. Disse apenas que RFK apoiava Israel e, portanto, era contra a causa palestina. Continua preso até hoje nos EUA. País sério é outra coisa...!