Deus levantou Moisés, quando o povo Hebreu necessitava de libertação da escravidão no Egito, a fim de ser conduzido para a terra prometida. Deus levantou Isaías, quando o povo de Deus precisava resgatar sua esperança sobre a vinda do Salvador. Deus levantou Paulo, quando o evangelho de morte e ressurreição do Senhor Jesus precisava alcançar os continentes da África, Europa e até os confins da terra. Quando o povo do século XVI precisava de uma reforma que os libertasse das vãs filosofias, de uma falsa religião que pregava o medo e condenação ao invés de perdão e salvação e de uma igreja que comercializava a Palavra de Deus e oprimia o povo, Deus levantou Lutero.
Antes de Lutero, surgiram alguns pré-reformadores, entre os quais John Huss se destaca.
Nascido em 1369, na Boemia. Este, através da leitura da Bíblia, chegou ao conhecimento da verdade e, com determinação, pôs-se a combater os erros e abusos existentes na igreja. Foi então excomungado e demitido de seu oficio de sacerdote, tornando-se objeto de desprezo e zombaria. Acusado de ser herege, foi condenado à morte de fogueira. Contudo, se porventura renunciasse sua doutrina, seria poupado. Mas permaneceu firme em sua fé, até que as chamas começaram a crescer, a fumaça subir aos ares, e no calor do fogo Huss entoava cânticos em voz alta e inteligível, até que por fim, exclamou do meio da fogueira: “Hoje assais um ganso, mas, daqui a cem anos, vira um cisne, ao qual não conseguirão assar!”. Cem anos depois, surge o “Cisne”, Martinho Lutero.
É fato inegável a intervenção divina na história. Quando tudo parece ter sido tomado pelas trevas, pode-se ouvir o ressoar das palavras de Jesus – “Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18). O cenário para a reforma protestante fora tão bem preparado por Deus que, exatamente no mesmo ano em que Lutero pregou suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517, passa a existir a indústria de impressão em massa, a qual se torna um fator decisivo na difusão da Reforma de modo que uma ampla audiência pôde ter acesso às obras dos reformadores, difundindo-se por toda a Alemanha e em quatro semanas já conhecidas por toda cristandade.
Para milhares de almas aflitas, essas teses eram como o sol que nasce após uma longa noite de ânsias e temores. Assim, através do resgate da sã doutrina, encontrava-se paz com Deus e perdão dos pecados, o que não era possível por meio dos preceitos e penitências da Igreja Romana.
Um cristianismo purificado conseguiu estabelecer-se. Nasce então o protestantismo, com a proposta de desafiar a igreja corrompida a voltar-se aos princípios básicos e simples do evangelho. Foi um tempo de reavivamento e revolução. As lutas, dificuldades e vitorias de Lutero são nossas também. Ainda ouve-se no mundo inteiro o hino que sintetiza a luta e vitória de todo Cristão: “Castelo forte é o nosso Deus”. Que possamos assumir o desafio de resgatar e cultivar os princípios fundamentais que nos trouxeram até aqui: “O justo vivera pela fé” (Romanos 1:17).