Sindicalista Fernando Roberto questiona posicionamento do procurador
- Crédito: Foto: Hedio Fazan
DOURADOS – As declarações do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre a proibição da profissão de mototaxista no Brasil gerou repúdio de sindicatos da categoria em Mato Grosso do Sul. Em Dourados, o presidente dos mototáxis, Fernando Roberto dos Santos, disse que a posição do procurador “é infundada diante dos argumentos apresentada por ele”. Em Campo Grande, o presidente da categoria, Dorvair Boaventura, emitiu nota dizendo que, “ao que tudo indica o procurador deveria se informar melhor sobre as estatísticas de acidentes de trânsito onde os acidentes envolvendo nossos profissionais representam apenas 1%”.
Na opinião do procurador, a atividade de mototaxista é perigosa e pode trazer prejuízos para a saúde pública. A profissão ainda não é regulamentada, mas já passou pela Câmara e Senado, devendo apenas ser sancionada pela presidenta Dilma Rousseff. O procurador Gurgel questiona também a segurança. Para ele, o transporte de cargas pelos mototaxiatas possui critério mais rigoroso do que a de passageiros.
Fernando Roberto dos Santos se diz surpreso com a posição do procurador. “É um posicionamento infundado, tomado como base em exemplos de municípios do Nordeste, onde a segurança do trânsito é bem mais atrasada em comparação com outras regiões do País”, questiona o sindicalista. Gurgel, ao se posicionar sobre o fim da profissão dos mototaxistas, usou como exemplo o comparativo entre as cidade de Jequié e Salvador, ambas da Bahia. A primeira, de 148 mil habitantes, teve mais acidentes envolvendo moto do que a capital, de 3 milhões de habitantes.
O sindicalista douradense questiona tais comparações e diz que em Dourados, por exemplo, nunca houve acidente fatal envolvendo os profissionais. “A categoria está em Dourados desde 1996 e não há nenhum registro de morte de mototaxista”, enfatiza. Ele diz que os 205 trabalhadores são legalizados, passaram por concurso público, e trabalham dentro da lei.
Fernando também questiona que perigosa ou não a profissão deve ser analisada de acordo com cada localidade. “Se o ministro não vê com bons olhos a profissão no Nordeste ele deveria contatar as autoridades daquela região para melhorar o serviço. Mas de maneira algum deve generalizar para o resto do País”, reafirma.
Para o sindicalista de Campo Grande a profissão não pode retroceder. “Podemos sim avançar na melhoria da qualidade desse serviço”, sugeriu o Dorvair Boaventura, que insiste numa maior fiscalização no trânsito para tirar pessoas não habilitadas que pilotam motos todos os dias em todas as cidades do país, engrossando as estatísticas de acidentes. (FV)