Colheita da safra recorde de soja também gera empregos temporários no Estado - Crédito: Foto: Divulgação
DOURADOS – A safra recorde de soja em Mato Grosso do Sul está gerando milhares de empregos temporário para a colheita e, em seguida, já iniciar o plantio do milho safrinha. É um período onde o agricultor e o funcionário devem ter atenção redobrada na hora de assinar os contratos trabalhistas. Para muitos, também é oportunidade de conseguir um emprego definitivo. Lavouras de soja a perder de vista. Este ano, os produtores de Mato Grosso do Sul esperam colher 5,6 milhões toneladas do grão, 7% a mais do que na última safra.Em uma fazenda em Campo Grande, a colheita da soja começa daqui a uma semana e para fazer este serviço, o dono vai precisar contratar mais 10 funcionários. Eles vão trabalhar durante um mês na propriedade. Além de colher os grãos, os temporários também vão preparar o solo para o plantio do milho safrinha.
Para dar conta de todo o serviço, Carmélio Roos disse que vai contratar ainda outros 10 trabalhadores para fazer a classificação e embalagem das sementes. Todos terão carteira assinada. “É feito exame de saúde admissional, registro em carteira e contrato de trabalho, onde consta as obrigações do trabalhador”\', disse o agricultor.
A filha do plantador de soja é a gerente do departamento financeiro da fazenda. “\'É difícil encontrar cursos profissionalizantes para esse pessoal e muita gente não tem tempo de ficar parado um ou dois meses fazendo os cursos. Nesta época, a gente precisa com urgência, então quando o funcionário é bom, tendo qualificação, inclusive, com a safra ele acaba sendo contratado e vira efetivo”, afirmou Maria Carolina Roos.
Um safreiro tem praticamente todos os direitos trabalhistas garantidos por lei. Fundo de garantia, férias proporcionais, 13º, horas extras, descanso semanal, horário para refeições. Ao final do contrato, ele não recebe aviso prévio, nem a multa de 40% sobre o FGTS.
Muita gente que procura emprego nas lavouras de soja de Mato Grosso do Sul vem de outros estados, principalmente do Nordeste. Esses trabalhadores devem evitar os empreiteiros, os chamados gatos, que fazem ilegalmente as intermediações nas contratações. “Eles devem procurar conversar diretamente com o empregador, o proprietário da área ou com o preposto desse empregador. Eles não devem confiar em terceiros para intermediar a negociação”, explicou Gilson da Silva, advogado trabalhista. Mato Grosso do Sul produz pouco mais de 7% da safra nacional de soja.
#####VALORIZAÇÃO
- Um relatório da consultoria Informa Economics FNP (ex-AgraFNP) sobre a valorização das áreas destinadas à produção agropecuária no Brasil, mostrou o aumento do preço das terras no Rio Grande do Sul. Em três anos, no embalo da corrida pela expansão das lavouras de soja, o preço médio do hectare no Estado subiu 60%, alcançando R$ 9.444.
Foi a Metade Sul do Estado a região que mais contribuiu para a alta dos preços – acima da média brasileira, de 25% –, explica a gerente de agroenergia da FNP, Jacqueline Bierhals. O salto das cotações ocorreu em áreas específicas da Região Central e da Zona Sul, onde em alguns municípios os preços no mínimo dobraram.
“Valorizaram-se principalmente áreas altas onde é possível implantar a soja. Na zona de Pelotas, são as áreas que têm uma boa drenagem e a vantagem logística da proximidade do porto de Rio Grande”, aponta Jacqueline.
Segundo o consultor Cilotér Iribarrem, da Safras & Cifras, de Pelotas, é crescente a procura por terras para soja em municípios próximos, como Jaguarão e Arroio Grande. O hectare, então negociado por cerca de R$ 3 mil, agora atinge preços entre R$ 6 mil e R$ 7 mil. Antes, a escalada também havia sido influenciada pelo avanço do eucalipto, lembra Iribarrem.
O estudo da FNP dividiu o Rio Grande do Sul em quatro grandes macrorregiões: Caxias do Sul, Passo Fundo, Uruguaiana e Santa Maria. No norte, quadrante que engloba as principais áreas produtoras de grãos, o efeito soja também apareceu. O valor mais frequente dos negócios verificados no final do ano passado foi de R$ 18,5 mil o hectare na faixa mais valorizada, entre Passso Fundo e Erechim, alta de 34,5% sobre três anos atrás.