
Um motorista de aplicativo, em Dourados, sentiu na ‘pele’ o peso da acusação das redes sociais, após ter sido preso, acusado de estupro contra uma adolescente de 15 anos, que teria ocorrido durante uma corrida.
O que ele passou é chamado de ‘linchamento virtual’, ou seja, a pessoa é condenada na internet. A adolescente teria inventado a história segundo as autoridades policiais.
Em entrevista ao O PROGRESSO, o advogado do motorista, Marcelo Cândido de Paula, explicou que, o ambiente virtual ainda é visto pela maioria das pessoas como ‘terra de ninguém’, e que essas se acham no direito de expor suas opiniões, que muitas vezes, são discursos de ódio.
“Vivemos uma era de mudança de comportamento, e a internet está propiciando isso. O problema é que muita gente publica discursos de ódio, disfarçados de opiniões. Meu cliente foi condenado nas redes socais, antes mesmo da sentença da Justiça. Foram inúmeras ofensas recebidas, o chamando de ‘verme, vagabundo, tem que matar’”, relatou o advogado. Marcelo vai além.
Segundo ele, o linchamento virtual pode ser chamado de ‘inquisição moderna’, isto é, a pessoa é condenada antes mesmo do caso ser investigado. “Por trás do computador, do celular, até mesmo de perfis falsos nas redes sociais, os internautas julgam os demais, se colocando na posição de juízes, autoridades da lei”, disse.
Assim como há conscientização sobre leis de trânsito, por exemplo, é preciso que haja em relação à internet. “As pessoas precisam tomar cuidado ao divulgar, compartilhar notícias, ao fazer esses julgamentos. Importante destacar que ao ofender, falar de alguém em qualquer rede social, pode gerar processo por difamação, injúria”, enfatizou o advogado.
Como fica a vítima?
“Além da exposição do caso, as consequências para o acusado são quase que imensuráveis. Isso acarreta em problemas com a própria família, e na sociedade, como, por exemplo, na hora de procurar um emprego, ou no caso desse motorista, em continuar a trabalhar com aplicativos de corrida”, finaliza o advogado Marcelo.
Entenda No dia 23 de abril, o motorista de aplicativo, de 42 anos, foi preso acusado de estupro contra uma adolescente de 15 anos.
Conforme a polícia, pela manhã, a jovem solicitou corrida para ir até a escola. No caminho, o homem, que estava num Fiat Uno da cor vermelho, teria parado o veículo e começado a passar a mão nas pernas da garota. Momento em que, ele também teria começado a se masturbar. A garota relatou aos policiais que ele chegou a ejacular no tênis dela.
Na manhã da última quarta-feira (28), durante coletiva de imprensa na Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM), a delegada Paula Ribeiro dos Santos, titular da unidade, disse que o motorista de aplicativo é inocente.
De acordo com a delegada, a menor responderá por ato infracional análogo ao crime de denunciação caluniosa. “O motorista é inocente, fizemos perícia no carro, checamos as imagens do percurso, o celular dele, enfim, a corrida foi feita normalmente, como deveria ser feita”, esclareceu a delegada.
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