Se há três anos apenas 5,6% dos adultos consumiam a quantidade de frutas e hortaliças recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de cinco porções em cinco ou mais dias da semana, hoje há motivos para comemorar.
Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Por Inquérito Telefônico (VIGITEL), do Ministério da Saúde, mostra que esse índice subiu para 15,7% em 2008 – quase três vezes mais do que o índice de 2006 (tabela 2).
Nesta terceira edição da pesquisa Vigitel, foram realizadas 54 mil entrevistas telefônicas, de abril a dezembro, com adultos das 26 capitais e do Distrito Federal. “A alimentação é um condicionante dos riscos de doenças crônicas ao longo da vida”, explica a coordenadora geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta. “Por isso, é importante conhecer a tendência do padrão alimentar para planejar políticas públicas.”
Segundo estimativas globais da OMS, o consumo insuficiente de frutas e hortaliças contribui, anualmente, para 2,7 milhões de mortes e por 31% das doenças isquêmicas do coração, 11% das doenças cérebro-vasculares e 19% dos cânceres gastrointestinais ocorridos em todo o mundo.
De acordo com o Vigitel, embora tenha havido aumento de consumo de frutas e hortaliças, é necessário estimular a presença desses “alimentos do bem” na mesa do brasileiro.
As boas notícias também se referem ao consumo regular de alimentos saudáveis. Aumentou de 23,9% (2006) para 31,5% (2008) o índice de pessoas que comem frutas e hortaliças cinco dias por semana (tabela 3), sem necessariamente alcançar a quantidade de 400g por dia – o equivalente às cinco porções diárias recomendadas pela OMS.
A capital com maior consumo regular é Florianópolis (SC), onde 41,6% dos adultos comem frutas e hortaliças, pelo menos, cinco vezes por semana. No fim da fila, está Belém (PA) com uma frequência de 19,5%. Em geral, os menores consumos ocorrem na região Norte do país (tabela 3).
Além dos hábitos saudáveis, o Vigitel pesquisa o consumo de outros três alimentos: carnes vermelhas com gordura ou frango com pele; leite integral e, por último, refrigerantes.
#####CARNES GORDUROSAS
- Entre os “vilões” da alimentação, está a gordura visível da carne vermelha e do frango com pele. “Essa gordura é de fácil percepção”, comenta Deborah. Um terço (33,8%) da população adulta das 27 capitais come carnes com excesso de gordura, sendo quase duas vezes mais frequente entre homens (44%) do que entre mulheres (25,1%).
A capital com menor consumo é Salvador (BA), onde o índice é de 25,4%. Já em Campo Grande (MS) há maior consumo do que qualquer outra capital – quase metade da população come carnes gordurosas (48,8%) (tabela 4). O levantamento mostra, ainda, que a frequência é maior entre os jovens e entre as pessoas com menor escolaridade (tabela 5).
O consumo de leite com teor integral de gordura é elevado em todas as cidades brasileiras e não há diferenças significativas entre homens e mulheres. No total, mais da metade dos brasileiros (56,5%) consome leite integral, sendo o menor índice em Natal (RN), com 43,4%, e o maior em Manaus (AM), onde 67,3% da população local tomam leite gorduroso (tabela 6).
“O leite é benéfico, é uma grande fonte de cálcio usada na prevenção de osteoporose, mas deve-se prestar atenção no teor de gordura”, pondera Deborah. “Devemos criar a cultura de que existe um leite com maior teor de gordura e outro com menor, e os dois têm o mesmo preço”, esclarece. A pesquisa mostra ainda que o consumo de leite integral tende a diminuir com a idade. É menor também entre as pessoas com maior escolaridade – mesmo assim, sempre superior aos 40%.
Já os refrigerantes são consumidos de maneira regular (cinco ou mais dias na semana) por 27,8% da população brasileira. São os homens quem os bebem mais, especialmente os jovens de 18 a 24 anos – 40% deles nessa faixa etária (tabela 7). Nas cidades pesquisadas, o menor consumo regular de refrigerantes ocorre em Natal (14,4%) e o maior em Porto Velho (37,9%) (tabela 8).
O Ministério da Saúde distribui, gratuitamente, o livreto “Guia Alimentar – Como ter uma Alimentação Saudável”. A publicação, em formato de bolso, traz os dez passos para uma alimentação saudável, reúne dicas e orientações para manter ou alcançar bons hábitos alimentares e apresenta o teste “Como está a sua alimentação”, no qual cada pessoa pode identificar os erros e acertos dos próprios hábitos.
A versão eletrônica está disponível no site www.saude.gov.br/nutricao