Mães do coração relatam histórias e alegria da adoção

Crédito: Divulgação

Existem várias formas de gerar um filho e uma delas é através do coração. Na véspera do Dia das Mães, em homenagem as mulheres que fizeram da adoção sua missão de vida, a reportagem do site entrevistou duas moradoras de Dourados com lindas histórias.

Uma das entrevistadas é a advogada Maristela Linhares Marques Walz, de 54 anos, que há 28 anos tornou-se uma mãe do coração. Ela tem 5 filhos. "Digo que todos são do coração( apesar de 2 terem sido biológicos), e digo que os 5 filhos são do coração, porque todos são muito amados", frisou Maristela.

"Meus filhos foram extremamente desejados, pedi eles a Deus, e após ele ter me dado dois filhos de outros úteros, me contemplou com dois filhos do meu próprio útero, somente para me confirmar que não há diferenças entre filhos que nascem no coração e vão para o útero, ou que nascem no coração e vem de outro útero. E por ultimo Deus me concedeu mais um filho do coração. O que conta mesmo é o amor, por isso a denominação de filhos do coração", relatou Maristela.

"Meus filhos vieram para mim uns logo após o nascimento, e outro mais tarde, mas são filhos muito especiais, hoje estão adultos, com formação acadêmica nas áreas de Direito, Medicina, Odontologia, Veterinaria e Engenharia Civil, e dois cursando a segunda faculdade. Há 28 anos, iniciou minha felicidade com o meu primeiro presente, na sequencia vieram os demais, em um ano e 11 meses, eu tinha 4 bebês, apesar de ter sido uma loucura para dar conta, conseguimos criar todos, e nos orgulhamos muito deles. A experiência de ser mãe é maravilhosa, como já disse independente da forma que Deus escolher para te dar um filho", comemora Maristela.

Para ela é um privilégio divino ser escolhida como uma mãe de coração. "Sei que Deus só concede esse privilegio aos pais que sabe poderem amar incondicionalmente. Vejo um filho do coração como alguém muito especial, que foi muito desejado e amado antes mesmo do inicio da maternidade".

E para aqueles que sonham com a adoção e aguardam na fila de espera, Maristela dá um conselho. "Aconselho aqueles pais que estão aguardando uma adoção que não desistam, nem desanimem, seu tempo chegara, e desejo que sejam muito felizes com seus filhos, assim como nós somos", afirmou.

Também entrevistamos a recrutadora Nislley Lara, de 38 anos, que adotou os adolescentes Julia, de 15 anos e Tom de 14. Ela afirmou que a adoção era um sonha antigo. "Era algo que sempre esteve presente no meu coração, pois fui criada quando criança com um tio adotivo, minha avó adotou ele, nós temos a mesma idade", afirmou Nislley.

Ela conta que conheceu a filha adotiva durante um projeto social. "Nossa aproximação foi por causa de um projeto chamado Borboletas, na qual eu era a líder e idealizadora com mais algumas amigas, fazíamos visitas no lar e oferecíamos cursos profissionalizantes para as meninas em situação de acolhimento no Lar Renascer (uma casa de acolhimento municipal que foi fechada). Quando conheci a Julia, não havia interesse em adoção, inclusive ela não estava disponível", explicou.

"A história dela durante o projeto mudou, não havia mais interesse do pai biológico em ficar com ela, a mãe já era falecida, e ela sentia muita saudade de casa e do irmão mais novo, o Tom, que estava com o pai ainda, e por causa da tristeza que ela sentia e demonstrava comecei me aproximar e ficamos amigas. Com apoio da coordenadora do Lar eu tive autorização para levar a menina em casa para passear e passar o fim de semana".

Nislley relatou que ao conversar com a coordenadora do lar na época, foi informada que não havia interesse mais da família biológica, então ela e o esposo decidiram que queriam adotar. "Fomos atrás da história da família para saber se o pai biológico estava disposto a entregar ela para adoção, ele disse que sim, pois ele não conseguia criar vínculo afetivo com ela e com o Tom, que na época que não estava no abrigo, estava morando com ele. O pai biológico quis que nós também adotássemos o Tom.", contou.

A mãe adotiva disse que mesmo o pai afirmando que queria abrir mão dos filhos biológicos, o processo foi um pouco longo e dolorido devido a burocracia existente, mas no final tudo deu certo e hoje ela comemora a conquista de se tornar uma mãe do coração. "O processo de adoção de adolescentes tem essa possibilidade da escolha e isso em nossa relação contribui muito para que possamos sempre ficar bem em família. É claro que existem desafios, mas não é diferente dos que tivemos quando nós éramos adolescentes, naturalizar a adoção, falar sobre, dar espaço para as histórias e a família que veio antes de nós é essencial para que o nosso presente e futuro seja melhor", finalizou Nislley.

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