O número de registros de ocorrências na Polícia Civil de Dourados sobre estupro de crianças de zero a 11 anos aumentou. Foram 26 casos de janeiro a 12 de maio deste ano, contra 21 no mesmo período do ano passado. O isolamento social que impôs o fechamento das escolas é visto pelas autoridades como um fator que pode estar contribuindo para o acréscimo.
De acordo com o delegado Lupérsio Degerone, do Departamento de Polícia Civil do Interior, esse é um tipo de crime em que em 90% dos casos é necessário que haja a denúncia para que a Polícia Civil possa chegar ao agressor. Isso porque, segundo ele, na maioria dos casos o estupro contra a criança ocorre de forma escondida e geralmente o autor é alguém próximo da família.
“O perigo mora ao lado da criança. Geralmente os autores são padrastos, parentes consanguíneos como tios, primos, ou vizinhos, amigos da família, pessoas próximas. É muito difícil casos de estupro onde crianças são abordadas por indivíduos absolutamente estranhos”, enfatiza.
Ele alerta aos sinais que a criança vítima de abuso sexual apresenta. “As mães podem notar comportamentos de exclusão e medo excessivo. A criança pode se tornar arredia a uma pessoa, ou oferecer resistência a alguém. Esses podem ser alguns sinais. Diante deles é preciso ter calma e conversar com a criança na tentativa de que ela possa dizer o que está sentindo”, orienta.
Estupros: maioria é dentro de casa
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019, uma menina de até 13 anos é estuprada a cada 15 minutos no Brasil. Os crimes referentes a essa faixa etária representam 53% de todos os estupros cometidos no país. E em 76%, o agressor é conhecido da vítima: na maioria das vezes, são pais e padrastos. “Como as crianças estão em casa e o abusador também, o risco aumenta absurdamente. Precisamos alertar os cuidadores sobre esse risco, que fiquem mais atentos às crianças, principalmente à noite e de madrugada, pois eles têm o hábito de acessar as vítimas enquanto todos estão dormindo”, alertou ao portal UOL a médica legista e sexóloga criminal Mariana da Silva Ferreira, especialista em violência sexual em São Paulo.
Casos podem aumentar
Durante a entrevista ao portal, Mariana previu que, com o isolamento, as denúncias formais, feitas em delegacias, de violência contra a mulher e crianças tendem a diminuir e, com isso, reduzir ainda mais os números, que já são subnotificados. “A população pode achar que não pode ir à delegacia, que não terá atendimento. Na verdade, para essa modalidade de violência, as delegacias atenderão normalmente durante a pandemia”, diz Mariana.
Maio Laranja
Mato Grosso do Sul conta com a campanha Maio Laranja, de combate ao abuso e exploração sexual, lançada em 2019 pelo Governo do Estado. A intenção da campanha é desenvolver durante o mês de maio atividades para conscientização, prevenção e orientação sobre as formas de abusos contra crianças e adolescentes. Os objetivos da campanha são: dar publicidade para que se denuncie a violência e orientar os jovens sobre o que é abuso, como prevenir e denunciar este tipo de crime.
Como e onde denunciar?
Pelo telefone, as denúncias podem ser feitas pelos serviços Disque 100 e 190 (Polícia Militar). Em Dourados, as delegacias estão atendendo normalmente. A unidade especializada para casos que envolvem crianças de até 12 anos é a Delegacia da Mulher localizada na Rua Projetada B, 820 - Vila Bela. O telefone: (67) 3421- 1177 e o horário de funcionamento é das 7h30 às 17h. Nos casos de flagrante, o denunciante pode acionar a Primeira Delegacia De Polícia De Dourados (Depac), que atende toda a cidade 24h. O endereço da unidade é Rua Cuiabá, 1828 – Centro. O telefone: (67) 3411-8060.