Após colocar folhas de papel escritas "proibido comer marmita" nas paredes do Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), alunos da universidade se indignaram com a decisão. A medida tomada pela empresa, que tem concessão do espaço e de vender as refeições, foi tomada após aumento de mais de 230% no bandejão e a direção da federal retirar a participação no custeio das alimentações de parte dos estudantes.
Nas redes sociais e pessoalmente, os alunos se posicionaram sobre o impedimento de usarem a dependência do RU e também da estrutura oferecida pela UFMS para que os acadêmicos possam realizar as refeições ou esquentarem as marmitas.
“Primeiro aumentaram o preço pra R$ 15, que é absurdo pra RU, não passam nem cartão de crédito, não deixam alunos vender alimentos, porque tinha uns que vendiam salgados, e agora não deixar os alunos que levam marmita comer no próprio refeitório? É sacanagem”, alega Allan Nakashima, acadêmico de Ciências Contábeis.
Isabella Leon, outra aluna do campus, também não concorda com a proibição e ainda reclama sobre qualidade da comida servida no RU.
“No meu bloco não tem lugar para almoçar. A opção seria o RU, e agora não está podendo. Alguns dias que eu tenho aula até mais tarde sim [almoço], mas o perrengue é mais pela qualidade da comida, porque pelo valor deveria ser melhor”, declara.
Nas redes sociais, outros alunos questionaram a falta de espaço oferecida pela UFMS para que os alunos possam esquentar ou comer as marmitas. O acadêmico de Engenharia Civil, Bruno Samaniego da Cunha postou na internet uma série de apontamentos, incluindo a falta de espaços físicos para que os alunos façam as refeições fora do RU. Leia o post abaixo:
O que diz a empresa
Em contato com o g1, a Paladar Nutri, empresa que tem concessão do RU, mencionou que tem a autorização e não vê lógica dos estudantes comerem marmitas em um local que tem pretensão privada.
A empresa mencionou que paga, em média, R$ 20 mil em aluguel para o uso do espaço, além de encargos como luz, água e vários impostos. Para a Paladar Nutri, a empresa oferece ar-condicionado e inúmeros benefícios aos clientes, aquelas pessoas que pagam para usar o local.
A Paladar Nutri explica que o ambiente é cedido por concessão pública e passou por vários certames. Para a empresa do ramo de alimentação, o local é destinado a aqueles que pagam para estar ali e a entrada de acadêmicos com marmitas é "injusta".
Para solucionar a questão, a Paladar Nutri informou que a UFMS estar a par de todas as questões e que a própria universidade deveria disponibilizar espaços para os estudantes que levam marmitas.
Aumento nas refeições
O RU tem capacidade para servir 3,5 mil refeições por período, tanto almoço quanto janta. O local foi reaberto no dia 4 de abril deste ano, e agora, proíbe as pessoas que levam marmitas para comer dentro do ambiente. O descontentamento dos estudantes surgiu antes da placa.
Atualmente, os valores são os seguintes:
- R$ 3 para alunos graduados em situação de vulnerabilidade econômica e que tenha preenchido o CadÚnico do Governo Federal;
- R$ 10 para alunos de pós-graduação;
- R$ 15 para os demais alunos e frequentadores, incluindo funcionários;
Antes, a refeição era de R$ 2,50 para alunos de baixa renda e R$ 4,50 para os demais estudantes. Agora, o subsídio da UFMS permanece apenas para matriculados que estejam inscritos no Cadastro Único dos Programas Sociais (CadÚnico).
O que diz a UFMS
A UFMS informa que a licitação compreende a concessão de todo o espaço do RU, cozinha, equipamentos e refeitório, para que a empresa forneça a refeição à comunidade universitária.
A universidade disse que oferece as cozinhas acadêmicas em todos os campus. Em Campo Grande são cerca de 15 locais para os alunos armazenarem e esquentarem as refeições que trazem de casa, sem precisar ir até o RU.