Rodolfo Daltro, delegado da Delegacia de Repressão aos Crimes de Fronteira (Defron), em Dourados - O tráfico de drogas em grande escala, o poder bélico das facções e o avanço do crime organizado são os principais desafios da Delegacia de Repressão aos Crimes de Fronteira (Defron), em Dourados. A afirmação é do recém nomeado delegado titular, Rodolfo Daltro, que assume no lugar do delegado Ricardo Henrique Cavagna, transferido para Três Lagoas.
Em entrevista ao Jornal O PROGRESSO, Daltro destacou os desafios da segurança pública na região de fronteira, por onde passa a maior parte das drogas consumidas no Brasil. Há uma forte repressão para não permitir que a situação fuja do controle do Estado, que se assim acontecer, além do aumento de todo tipo de criminalidade, ficará enfraquecido diante das facções criminosas.
Nos últimos meses foram registradas apreensões recordes de drogas no País. Com isso podemos ter esperança de que um dia esse "mercado ilegal" enfraqueça? Na sua visão depende apenas da segurança pública ou outros fatores interferem?
A Segurança Pública atua em razão de, em regra, uma atuação aquém do necessário de outras áreas estatais, tais como a Educação e a Saúde. Perante essa realidade, há de ser considerado que o consumo de substâncias entorpecentes ocorre desde os primórdios da civilização, acarretando, sempre, uma problemática. Assim, diante dessa dupla realidade deve ser obtido um equilíbrio no sentido de que diante da impossibilidade de acabar com o consumo de drogas ilícitas não se permita que tal fato fuja ao controle do Estado, que se assim acontecer, além do aumento de todo tipo de criminalidade, ficará enfraquecido diante das facções criminosas.
Dourados está muito próxima da fronteira com Paraguai e deixou de ser apenas passagem para o tráfico, tornando-se também entreposto de drogas. O que a segurança pública vem fazendo para coibir esse mercado ilegal no município?
Há cerca de 05 anos Dourados e outros municípios próximos deixou de ser rota de passagem para cargas de entorpecentes que têm como destino outros Estados para ser estabelecido como um entreposto, local de armazenamento de grandes quantidades. Essa situação não passou despercebida por este delegado enquanto atuava como Chefe do SIG, sendo efetuadas dezenas de apreensões. Agora como titular da Defron, que possui dentre as suas atribuições o enfrentamento do tráfico de drogas em grande escala, essa situação será enfrentada de modo ainda mais pontual, mediante o ininterrupto monitoramento de regiões urbanas e rurais conhecidas em razão de em imóveis lá localizados serem armazenadas drogas ilícitas.
Quais os principais desafios frente à Defron?
Enfrentar a criminalidade mediante a utilização da inteligência policial e troca de informação com todas as forças de segurança que atuam na fronteira, destacando-se o embate contra o avanço das facções criminosas, evitando-se que o nosso Estado fique impregnado com a atuação delas, principalmente, nesse sentido, do tráfico de drogas e armas de fogo, além da prática de roubos, homicídios e outros crimes violentos.
A Defron é uma delegacia bem equipada?
Policiais extremamente capacitados encontram-se lotados na Defron, que também tem recebido viaturas, armamentos e demais equipamentos necessários para a sua atuação.
Existem muitas facções atuando nessa região? E quais os modus operandi delas?
Na fronteira do nosso Estado com o Paraguai atua grande parte das facções existentes no Brasil, em razão de quase a totalidade da maconha aqui consumida ser produzida no país fronteiriço. Assim, destaca-se a presença das facções do Sudeste, Sul e Centro-Oeste, pela proximidade. O embate sobre o controle das rotas do tráfico ocorre entre facções do Rio de Janeiro e São Paulo, por serem os maiores mercados consumidores. Para demonstrar superioridade de uma sobre outra possuem grande poderio bélico e ocorrem execuções entre seus integrantes.
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