Quando tinha meus 7 ou 8 anos tive a oportunidade de acompanhar um levantamento topográfico para futura implantação de um ramal que partia de Itahum passando pelos fundos de nossa propriedade São João e Penha na Picadinha. Dizia-se que chegaria até o porto Paranaguá, eu e meu primo Edson Roberto brincávamos na picada aberta, coisas da infância de criança criada na zona rural. Depois disso o ex-prefeito de Dourados Luiz Antonio Alves Gonçalves na década de 80, na campanha eleitoral também prometeu que era uma das suas metas. O tempo passou a ferrovia NOB foi privatizada e ninguém mais se lembrou da tão esperada ferrovia.
Em 2013 participei de um evento na ACED onde me encontrei casualmente com o meu colega de seminário o jornalista Geraldo Onésimo de Moura, criado no bairro São Francisco em Itaporã-MS , consultor da ANTT acompanhando a comitiva. Inscrevi-me para dar um palpite, afinal sempre participava de eventos e jogava os meus pitacos. A plateia estava composta de prefeitos de várias regiões do estado, afinal era um empreendimento importante para toda população onde o trajeto passando ia atrair muitos
No ano seguinte haveria eleição para governador e outros cargos, cujo evento foi organizado por um deputado federal de Dourados. O atual governador em sua campanha sempre enfatizava essa obra, foi eleito, a maré baixou e agora subiu a onda novamente.
Na empolgação, escrevi vários artigos sobre a importância do trem, um deles intitulado o tem do tereré, sugestão para reutilizar a malha férrea existente, partindo da ex-estação tronco de indubrasil, de Campo Grande para Ponta Porã, afinal o trem pantaneiro tinha sido reativado.
Eis que a notícia da ferroeste voltou na mídia nesta semana, li na folha de Dourados que o novo trajeto possivelmente passaria pela Vila Cerrito. Lembrei-me do levantamento que presenciei há 60 anos , o trem vai passar apitando pela Picadinha, pois esta vila pertence ao distrito. Nele há a UFGD, UEMS e o aeroporto municipal, cujo perímetro urbano foi ampliado na gestão do prefeito Murilo.
É um empreendimento privado e alguns políticos já estão soltando a manga da camisa dizendo que foram solicitações deles, afinal no ano que vem haverá eleição.
O atual governador do MS divulgou que haverá uma licitação cujo edital será publicado em novembro.
Estamos sonhando novamente com o apito do trem.
Sou filho e neto de construtor de ferrovia, meu avô Francisco Ferreira chegou ao Brasil em 1917 para ser o feitor na construção da NOB de Bauru até Corumbá. Aposentado, viveu em Duque Estrada, distrito de Miranda, cujo acesso recebeu o seu nome, Francisco Ferreira, nascido na freguesia de Escalhão, na serra da estrela, norte de Portugal.
O governo Federal tem investido muito em ferrovias, quiçá agora tenhamos a nossa tão sonhada ferrovia. Mas vai depender muito do governo do MS, dos representantes no Senado, aliás temos a douradense senadora Soraya Tronicke.
A hora ê agora!
*Advogado e ex-professor