
Afirmar que não, recusar a admitir ou a aceitar, contestar, repudiar, negar. São mecanismos comuns a todos, considerados inclusive como forma de defesa, muitas vezes inconsciente. Seja por ingenuidade, por ignorância, por ser influenciável, maldade ou por simplesmente não querer, o negacionismo contra a vacina da Covid-19 se alastrou.
Num país como o Brasil em que a prioridade à vacina chega depois de o negacionismo desorganizar a economia, a população, fica difícil tomar as rédeas para enfrentar a pandemia de forma organizada e inteligente.
Tirar o corpo fora, negar ter dito o que disse e menosprezar o sentimento alheio são características do presidente da república. E foram essas características que impediram o país de conter as consequências da pandemia ao mínimo possível, lançando-o além do máximo de perdas que se poderia imaginar.
A falta de vacinas expõe os resultados da política adotada, sempre na contramão do mundo. Ao tratar a ciência como inimiga e não aliada, como tem feito os demais líderes políticos, Bolsonaro amplia os efeitos da crise para a população e a própria economia, que afirma proteger. O negacionismo, apelidando a pandemia de “gripezinha” já deixa sequelas e uma multidão de pessoas desacreditadas.
Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, estão sendo remanejadas 13.848 doses de vacinas contra a Covid-19 ao Governo do Estado para atendimento de outros grupos prioritários do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra o coronavírus. Essas doses deveriam ser aplicadas nos indígenas.
Para o Estado foram encaminhados 97 mil doses para vacinar uma população de 45.693 indígenas acima de 18 anos. A quantidade se refere a duas doses. Desta população, 63% recebeu a primeira e 38% a segunda dose. Devido às notícias falsas, uma parte da população ficou reticente em tomar a vacina, isso fez com que a meta, normalmente atingida pela Influenza, que é em torno de 90%, não pudesse ser atendida.
Enquanto houver a rede de apoiadores que cumpre a cartilha bolsonarista de pôr em xeque a eficácia das vacinas, espalhar fake news para incentivar o uso da cloroquina e de despejar comentários negativos a respeito da atuação daqueles que prezam pela ciência e tentam seguir as recomendações, o Brasil continuará no topo dos países que mais apresentam mortes pela doença e que mais enfrentam dificuldade de combater a pandemia.
Deixe seu Comentário
Leia Também

Operação conjunta
PF, Ibama e polícia colombiana desmobilizam garimpo na fronteira
04/12/2023 21:30

Justiça
PGR insiste para que Meta entregue vídeo postado por Bolsonaro
04/12/2023 19:45

Direitos humanos
Intelectual e ativista negro, Nêgo Bispo morre aos 63 anos
04/12/2023 15:30

Brasil
Adecco tem vagas para grande indústria do ramo cervejeiro
04/12/2023 14:30

Justiça
Em dezembro, STF julga licença-paternidade, estatais e agenda verde
04/12/2023 13:15