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Marmitarias seguram preços para evitar perda de clientes

Com alta do arroz e demais itens, comerciantes relatam queda nas vendas e dificuldades para manter funcionários. A cesta básica sofreu uma variação de custo de 20% em agosto

21 Set 2020 - 14h02Por Gracindo Ramos
Marmitarias seguram preços para evitar perda de clientes - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

A alta nos preços dos alimentos tem afetado o setor de restaurantes e marmitarias em Dourados. Os donos das empresas de vendas de marmitas e refeições tem evitado repassar o aumento para o consumidor. Um dos motivos é o medo de perder clientes e sofrerem mais baixas nas vendas, o que vêm comprometendo o serviço.
Como o jornal O PROGRESSO mostrou na última edição, segundo o Procon de Dourados, a cesta básica sofreu uma variação de custo de 20% a mais somente de julho e agosto. O item básico que mais teve impacto dentre os gêneros alimentícios foi o arroz, que registrou alta de 90% entre janeiro e agosto de 2020, conforme informações do serviço municipal de defesa do consumidor.

“Arroz não dá para substituir, mas diminuímos a quantidade”, diz Odeth Pereira Figueiredo, de 40 anos, dona de uma marmitaria localizada no centro de Dourados.  Ela contou que o custo das refeições teve um impacto maior de cerca de 60% desde o começo do ano. “Estamos trabalhando só para sobreviver, sem lucro nenhum”, afirma a empresária, que viu as vendas despencarem. Odeth tinha uma média de venda de 120 marmitas por dia e, agora, chega a comercializar apenas 40 refeições diárias. A comerciante, que realiza entregas e serve prato feito, ainda relata que teve que reduzir salário dos funcionários por conta do mal desempenho do seguimento.

A Marmitaria Lara, que tem dois pontos na cidade gerenciados por mãe e filho, confirmou que o comércio foi obrigado a realizar recentemente dois reajustes nos preços das refeições. “Para falar bem a verdade, eu estou segurando o aumento, porque o movimento caiu muito e, se eu aumentar, tenho medo de perder mais clientes ainda. No outro restaurante da minha mãe, foi feito um reajuste”, afirmou o filho. Ele explica que itens utilizados na produção das refeições como arroz, feijão, óleo, leite e trigo tiveram reajustes significativos. O comerciante ainda contou que realizava atendimento self servisse, mas passou a fornecer somente marmita e prato feito.

O empresário Peterson Avila, de 38 anos, dono de uma marmitaria localizada no BNH III Plano, também sente os efeitos da explosão dos preços. “Não sei por quanto tempo ainda conseguirei manter o valor das marmitas sem levar prejuízo. Até o exato momento, mesmo o arroz que usamos subiu dos R$ 16,00 para os R$ 23,90, e ainda não subi o valor”, falou ao O PROGRESSO. Avila lembra que preços de carnes em geral subiram muito, e não tem nenhum insumo de uso diário da marmitaria que continua com o mesmo preço de antes da pandemia. Ao analisar que a renda caiu cerca de 55%, ele diz que a realidade hoje é de atender 45 % do público que atendia antes. Segundo ele, mais da metade dos clientes que buscavam refeições cotidianamente, pararam.

O comerciante trabalha todos os dias, com entregas e retiradas, sem consumo no local. Para manter as vendas e atrair mais clientes, ele está deixando de cobrar entrega para clientes mais próximos, como moradores do BNH II e do III Plano, Portal, Jardim Europa, Jardim Mônaco e imediações. Mas, sobre a pandemia, analisa que “o impacto foi negativo, já que maioria das pessoas estão em vossas casas, fazendo elas mesmas, muitas vezes, suas próprias refeições”.

Mesmo com a queda nas vendas e no rendimento, o empresário que mantém a atividade familiar e também possui funcionários, evitou demissões. “Trabalhamos internamente em uma equipe de 7 pessoas, sendo 4 funcionários, eu, minha esposa e minha filha. E mais 2 entregadores diaristas e meu filho, que é fixo também na entrega. Não demitimos nenhum ainda e vamos manter assim. Acho que visar somente lucros nesse momento com demissões não seria humano. Nós todos ajudamos e estamos, juntos, passando por essa pandemia aqui”, conclui.

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