
Em 2019, a bailarina, produtora e gestora cultural Júlia Alissa e o esposo Werther Fioravanti, arquiteto, incentivador cultural e músico, montaram na cidade o “Jatobá Café e Lazer”. O intuito, segundo Júlia, era reunir em um só espaço atividades artísticas aliadas a um ambiente agradável e com comida de qualidade. Com o passar do tempo o café foi se transformando em um espaço de encontro de artistas e shows e o foco foi se transferindo para os dias de eventos. No auge do espaço, quando já popular “Jatobá” completou 1 ano de atividades, chegou a pandemia e foi necessário suspender as atividades.
“Diante da incerteza do momento e do receio de entrar em dívidas, resolvemos fechar o espaço físico e a ideia de manter as atividades culturais se mantiveram. Werther voltou para a arquitetura, eu com duas crianças pequenas em casa fomos observando o desenrolar das coisas, principalmente em relação a arte e cultura”, relata Júlia. “Com a possibilidade da Lei Aldir Blanc, inscrevi o projeto da segunda edição do Festival Jatobá considerando o momento pandêmico e como uma possibilidade de realização nessa realidade tão surreal em que vivíamos”, prossegue. “O projeto foi realizado com sucesso concebido num formato que chegou a atingir a comunidade de uma forma física (presencial), sentindo a vibração sonora, mas que não estimulou a aglomeração, daí a ideia das apresentações aconteceram num formato de intervenção urbana, sem divulgação prévia, naquele momento, sem aviso, o artista interagindo com o entorno e a comunidade que de qualquer maneira passaria por ali, de carro ou a pé”, detalha.
Paralelamente ao Festival o casal criou o “Jatobá Cultura”, com a finalidade de produzir cultura em todas as suas possibilidades. “Não nos vemos como um coletivo com equipe permanente, pois produzimos sempre em rede, sempre com parceiros, desde os artistas, técnicos, como outros espaços, entidades e agentes. A cada evento é uma equipe, então nosso coletivo é efêmero”, explica Júlia, sobre a rotatividade da mão de obra empregada nas produções que disponibilizam, como a elaboração e enquadramento de projetos em editais, Lei Rouanet, produção de eventos e produção executiva dos mais diversas áreas como shows, feiras, congressos, poder público, entre outros setores, desde a pré-produção, execução e pós-produção, produção fonográfica para artistas. O “Jatobá Cultura” oferece também consultorias para desenvolvedores de eventos, institutos e projetos culturais e sociais e ainda cursos, oficinas, workshops, palestras relacionadas à área cultural.
Júlia acredita que o diferencial do Jatobá Cultura é a qualidade oferecida ao público, tanto do produto, como do serviço, pensando sempre em oferecer uma experiência diferenciada àqueles que gostam de arte e cultura. “Detalhes” fundamentais, como o cuidado com a curadoria do que será produzido e o cuidado técnico que envolve a ação, como equipamentos de qualidade, profissionais preparados e experientes. Além disso, o know-how, a experiência de atuação na área há mais de 12 anos.
O portfólio do jatobá na sua fase "café e lazer”, em 2019, foi robusto: promoveu shows com diversos artistas e promovei, efetivamente, o intercâmbio e o estímulo a música autoral: passaram pelo espaço diversos artistas de Dourados, Campo Grande, São Paulo, Rio Grande do Sul entre outras localidades. Realizamos festivais de música, feiras de artesanato, design e moda, exposições de obras plásticas e fotografia, lançamentos de livros, leituras coletivas e contação de histórias entre outras ações culturais.
Tanto Júlia como Werther possuem uma vasta experiência na área cultural. Júlia, por exemplo, coordenou o núcleo de dança da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul de 2011 a 2017. Nesse período fez a curadoria e coordenou as atrações de dança nos Festivais de Inverno de Bonito, no Festival América do Sul Pantanal e Semana pra dança. Como produtora realizou junto à produtora Arado Cultural o Cerrado Abierto – Mostra de Dança Contemporânea. Foi também produtora executiva do Seminário Internacional de Feng Shui, além de diversos outros eventos culturais. Além disso, a bailarina, produtora e gestora cultural presta serviço como avaliadora e parecerista de projetos culturais para diversos instituições públicas.
Sobre os planos futuros, Júlia adianta que pretende dar continuidade nas intervenções urbanas pela cidade, em pontos estratégicos e em diversos formatos, podendo ser de música, dança, teatro, feiras literárias, entre outros. Além disso, estão pesquisando possibilidades para dar continuidade, mais a frente, aos shows que vínhamos realizando, além de outras atrações. Estão também preparando cursos online na área de produção para ser oferecido a todo país.
Júlia fez uma breve avaliação dos reflexos da pandemia no setor cultural: “Toda a área foi amplamente atingida, músicos perderam seu espaço para tocar, atores deixaram de circular seu espetáculo, produtores deixaram de realizar seus eventos, mas principalmente os técnicos e as empresas da área de eventos. Com a incerteza de quando será possível novamente se aglomerar, acreditamos que o setor cultural será o último a retomar a normalidade”, prevê.
Indagada sobre como e o quê o artista pode fazer para se “reinventar” neste período em que lhe falta o principal, que é o público, Júlia diz que internet vem sendo a ferramenta utilizada pelos artistas para chegar a seu público, desde lives, show lives, festival live, até diversos cursos e minicursos de todas as possíveis linguagens. Sobre se essa “fórmula” funciona, ela pondera que “as lives oferece a oportunidade de patrocinadores investirem em artistas que tenham visibilidade, porém acaba sendo restrito a aqueles que tem já um grande público. O Qrcode também tem sido uma ferramenta para envio de recurso financeiro por parte do púbico, mas novamente acredito que só há um grande retorno quando o artista tem uma grande representatividade na internet. Outra forma de retorno financeiro tem sido a venda de ingressos para apresentações através de aplicativos digitais, bem como a venda de cursos”.
Encerrando a entrevista, Júlia Alissa enumera os benefícios da arte para o estado emocional do cidadão em isolamento por conta da pandemia: “Como sempre foi, a arte renova, alimenta, oportuniza a reflexão, o relaxamento e a sensibilização do indivíduo enquanto cidadão e ser vivo’’
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