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Educação de meninas

Malala Yousafzai veio ao Brasil falar sobre empoderamento feminino por meio da educação

10 Jul 2018 - 08h40Por da Redação
Malala falou para mais de 800 pessoas sobre educação e empoderamento - Crédito: Rovena Rosa/Agência BrasilMalala falou para mais de 800 pessoas sobre educação e empoderamento - Crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil

Mais jovem vencedora de um prêmio Nobel da Paz na História, a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, ainda prestes a completar 21 anos nesta semana, desembarcou na segunda-feira, 09, em São Paulo para conversar com crianças, jovens e mulheres do Brasil que, assim, como ela, defendem a educação igualitária para meninas e meninos em comunidades vulneráveis. A presença da jovem provocou clima de euforia e inspiração entre ativistas que aguardavam pela sua chegada no Parque do Ibirapuera. Embora originária do rural e distante Vale do Swat, província do Paquistão onde viveu até ser alvo de um ataque do Talibã em 2012, ela veio para debater estratégias de empoderamento feminino na realidade brasileira.

Malala subiu ao palco acompanhada por dezenas de jovens para um bate-papo, segundo ela, a vinda ao Brasil era um sonho antigo e tem o objetivo primordial de falar em favor de 1,5 milhão de pequenas brasileiras que estão fora das salas de aula.

“Recebi muitas cartas de apoio e mensagens do Brasil, pedindo que eu um dia viesse aqui. Este país tem uma grande energia que emana dos jovens, e minha esperança é encontrarmos maneiras de todas as meninas daqui terem acesso à educação, sobretudo de comunidades afrodescendentes e indígenas — disse. — Fui um alvo porque os talibãs entenderam que o empoderamento feminino vinha da educação. Trata-se não só de aumentar o conhecimento das mulheres, mas também crescer economias, fortalecer democracias e dar mais estabilidade aos países”.
Hoje estudante de Ciências Políticas na Universidade de Oxford, do Reino Unido, Malala há anos percorre o mundo argumentando que a educação de meninas lhes dá a oportunidade de evitar o casamento precoce, o trabalho infantil e outros mecanismos de exploração. Desta vez, ela anunciou que a sua fundação criará projetos para o Brasil, apoiando ativistas locais e formando grupos de defesa para mulheres, numa iniciativa que já foi utilizada em Nigéria, Afeganistão, Paquistão e Líbano e agora poderá ser expandida também para Índia e México.

“Quero trabalhar com vocês e todos os jovens que querem trazer mudança. Minha ideia de mudança não é que alguém da comunidade internacional venha até aqui e nos explique o que fazer, mas sim ir a campo, chegar às raízes do problema e conversar com os meninos e meninas”.

Malala participou também do debate sobre educação com ativistas entre elas,  Tábata Amaral, de 24 anos, nascida na periferia de São Paulo, que representou o Brasil em competições internacionais de ciências e estuda astrofísica em Harvard. Tábata questionou sobre a possibilidade da união entre os ativistas internacionais. Em resposta, Malala disse acreditar na solução nascida entre os líderes comunitários. “Temos que ir às comunidades de base e trabalhar com os ativistas locais, que entendem os problemas e sabem a melhor maneira de resolvê-los”, disse.

Outra participante foi a escritora mineira Conceição Evaristo, doutora em literatura comparada e vencedora do Prêmio Jabuti na categoria contos pela obra Olhos d'Água (2014). Conceição destacou o poder da leitura e da escrita incentivados por Malala, já que a adolescente partilhou a sua história e luta em seu livro.

“As pessoas que não têm acesso [à leitura], não têm uma cidadania incompleta. Que a sua presença fortifique essa ideia e o compromisso que o estado brasileiro precisa ter com a alfabetização”, disse a escritora. “A escrita amplia o seu papel, porque, enquanto leitor, você pode abarcar o mundo através da leitura. Mas quando você escreve, tem esse poder de intervenção no mundo”, acrescentou.

Em resposta ao tema, Malala lembrou da história da própria mãe, que parou de estudar aos seis anos. “Como filha, estou lendo para a minha mãe, é uma experiência maravilhosa”, disse. Segundo a paquistanesa, a sua mãe está estudando novamente, e este é seu grande estímulo para continuar na busca pela educação das mulheres.

Ter esperança sempre

Em março deste ano que Malala pôde, enfim ao Vale de Swat, uma província de montanhas e lagos cristalinos do Nordeste paquistanês, que ela costuma descrever como o lugar mais bonito do mundo.

Nos anos que antecederam o atentado contra a então adolescente, que levou um tiro na cabeça aos 15 anos enquanto retornava de mais um dia de aula com as amigas, o Vale do Swat havia sido tomado pelo Talibã, numa ofensiva que matara mais de 2 mil pessoas, e posteriormente retomado pelos militares paquistaneses. A recuperação forçou mais de 1,5 milhão de pessoas a abandonarem as suas casas e, mesmo assim, a família de Malala insistira em não deixar para trás o seu lar nem se calar na luta pela educação.

Num país já altamente conservador, a região é considerada especialmente rígida e, não raro, o papel atribuído às mulheres não ultrapassa os afazeres domésticos. Em 2011, enquanto Malala insistia em reivindicar o direito para que ela e as jovens da sua idade pudessem adquirir conhecimento, apenas 34% das meninas do Vale do Swat frequentavam a escola.

Desafiando as imposições dos talibãs, contrários à educação das meninas e mulheres, a luta da jovem paquistanesa se globalizou desde então e, hoje, a sua voz guia um movimento global pelo empoderamento feminino através de lápis, canetas e cadernos.

Diversas vezes, ela foi questionada pelos jovens brasileiros sobre uma mesma palavra: esperança. E para explicar o que mantém a sua energia para a sua luta diária por educação, respondeu:

“Havia muitas meninas da minha turma que queriam levantar suas vozes pela educação. Eu não tinha nada de especial nem era mais inteligente do que qualquer garota do Vale do Swat. Mas a minha diferença é que meu pai não me impediu de continuar, disse, meninas da Nigéria estão enfrentando o extremo perigo de serem raptadas, enquanto garotas de Paquistão, Índia e América Latina são forçadas a se casar muito cedo ou são vítimas de abusos sexuais. Elas continuam a lutar e não perdem a esperança. Se elas não perdem a esperança, porque deveríamos nós”?

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