Apenas no ano de 2017, a quadrilha alvo da Operação Nepsis, deflagrada pela Polícia Rodoviária Federal com o apoio da Polícia Federal, Receita Federal e Exército Brasileiro, teria movimentado R$ 1,5 bilhão com o contrabando de cigarros, segundo o delegado da PF, Cleo Mazotti. A coletiva de imprensa ocorreu na manhã deste sábado (22) em Campo Grande e foi transmitida ao vivo.
Além da gama gigantesca de sonegação (difícil até de se calcular) e prejuízos que vão além do econômico, como a saúde das pessoas que consomem estes produtos, o delegado destaca que foi possível perceber uma ligação do grupo com narcotraficantes da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
“A organização estabelecia rotas e bases operacionais com raízes mais fortes no sul de MS, mas tinha uma base em Pedro Juan Caballero. A investigação identificou uma aliança narco-cigarreira, entre os lideres do contrabando e os do tráfico de drogas”, disse Mazzoti, destacando que o poder bélico do grupo impressionou.
Segundo o delegado Cleo Mazotti, durante a investigação foi constatado que uma grande estruturação empresarial fazia parte da organização criminosa, com funções estabelecidas com chefes, gerentes e batedores, e a corrupção de policiais para facilitar os serviços.
“[O esquema] Funcionava em níveis. Tinha patrão, gerentes de rotas que cuidavam de rotas diversas estas que eram alternadas, dificultando as investigações, tudo muito estruturado”, disse o delegado.
O esquema bem estruturado era para que as cargas passassem pelas fiscalizações sem ser abordada. Havia olheiros e batedores que eram gerenciados por trechos.
Neste processo o recrutamento de policiais e a corrupção destes era fundamental para a organização. “O intuito era para que os agentes deixassem de fiscalizar. O poder de influência que estes gerentes do contrabando tinham com os policiais era em alto grau. Eles determinavam aos policiais participantes do esquema para que atrapalhassem os honestos”, explicou o delegado.
A investigação apontou que havia quatro líderes do esquema, estes que já haviam sido alvo de operação semelhante em 2011 e que escaparam para o Paraguai, onde viviam.
Em junho deste ano, com a prescrição dos crimes e os mandados vencidos, eles usavam de cautela para adentrar ao Brasil. Um deles, no entanto, casaria neste sábado, dia da operação, quando a polícia prendeu os líderes que eram convidados da festa.
O inspetor Luiz Alexandre Gomes, da corregedoria Estadual da PRF, destacou a integração das forças policiais e da defesa e disse que “as instituições policiais podem e devem ter a credibilidade ressaltada”.
Durante os dois anos de investigação foram 75 apreensões, pelo menos 50 prisões e dinheiro apreendido. Neste sábado, 40 mandados de prisão foram cumpridos, 6 deles contra policiais rodoviários federais, 4 contra PMs, e ainda outros contra policiais civis e demais integrantes da organização.
Cada preso responderá de acordo com a participação, mas o delegado destacou que a maioria dos indiciamentos será por organização criminosa, corrupção ativa e passiva e facilitação ao contrabando.