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Luciana Vicente

Reflexão é para o ano todo

07 Dez 2017 - 08h00
Reflexão é para o ano todo -
Chega dezembro e é sempre a mesma coisa. Nós recomeçamos a fazer planos para o novo ciclo e também costumamos parar para balanço. Planos são importantes. Representam perspectivas, ou seja, marcam uma posição nossa de avanço diante da vida. Nos mostramos disponíveis a progredir. Eu, por exemplo, tenho o duplo "E" como meta para 2018: eliminar e enrijecer. É bem verdade que esse é meu plano há uns bons anos, mas quem sabe dessa vez, eu consiga colocar em prática...

Esse é um exemplo bastante superficial, porém tem lá a sua importância. Primeiramente física e depois, psicológica. No entanto, podemos ter outras metas, até mais profundas, como mudar nossa forma de agir e isso só é possível a partir de muita reflexão. Sabe aquele nosso comportamento repetitivo que insistimos em manter? Ou então - vou pegar um pouco pesado – aquilo que fazemos, que temos total consciência de não ser o correto? Como puxar o tapete de colegas no trabalho, ou sermos tão egoístas que nos tornamos incapazes de ver quem está ao nosso lado. Agimos tanto em primeira pessoa que só queremos o benefício imediato em tudo que fazemos, mesmo que tenhamos que passar por cima de quem cruza o nosso caminho. A pergunta é: como você se sente depois de fazer isso? Se permanece bem, você ainda não está maduro o suficiente para perceber que ao fazer o mal para o outro, se recusando a enxergar que você não é o único a ter sentimento, está comprometendo a si próprio. A vida vai ensinar o caminho.

A sabedoria popular diz que temos sempre duas chances de aprender: a da dor e a do amor. Por que será que na maioria dos casos, só mudamos o nosso comportamento através da dor? Mais grave do que isso, é que muitas vezes, mesmo depois de termos sofrido as consequências dos nossos atos, voltamos a agir mal de novo e aí, pergunto, teremos de fato aprendido? Não. Pensamos ter aprendido, mas na prática apenas tomamos fôlego. A questão é mais profunda. O aprendizado está diretamente relacionado ao processo de transformação interior, que inclui a mudança na nossa forma de agir. Não podemos mudar, continuando os mesmos. É óbvio que não. Só podemos mudar, nos transformando. Transformação não é coisa pra fim de ano. É algo muito mais abrangente. É algo para o ano todo.

É claro que também precisamos ter o mínimo de coerência. Pelo menos a maior parte de nós, não irá conseguir se tornar um espírito puro de uma hora pra outra. Temos um caminho a seguir. Não se chega a um destino, sem estrada. O que eu quero dizer com isso? A resposta é clara, simples de entender e difícil de por em prática. Vamos mudando aos poucos, lentamente. A transformação requer algo elementar: a percepção de que não queremos mais agir de uma determinada forma. É o que também pode ser chamado de insight. Podemos passar a vida toda acomodados em nós mesmos, cheios de eternas certezas e vazios do que poderia nos fazer bem. Nos recusamos a ver o que está em nós. Nos recusamos a avaliar o que os nossos atos geram. Afinal, pra que mexer em time que está ganhando? Se estou sendo beneficiado a curto prazo, não existe nada a lamentar. Pelo contrário, passo a me sentir "senhor" do tempo e do espaço. A mais esperta e inteligente de todas as criaturas. Mas, um dia a casa cai. Você quer estar preso dentro dela quando isso acontecer? Que tal observar que a estrutura está abalada e aproveitar para fazer uma reforma? Se o dinheiro não dá pra tudo, primeiro reforce as bases, os alicerces e deixe para fazer a pintura e trocar azulejos fora de moda por pinturas modernas na fase final. Não invista em acabamentos sem melhorar a estrutura porque vai ser investimento perdido.

Mudar é um processo. De repente, percebemos que o que fazia nossa cabeça antes, não faz mais e que o tipo de conversa que nos interessava antes, já não nos faz vibrar. Temos o ano todo para nos transformar. Temos todos os dias para refletir. Pensar não é apenas para traçarmos metas de ano novo. Pense sempre. Reflita sem medo. Concatene as ideias. Busque o faz bem, porque no fim o que importa é a sua consciência.

Jornalista. (www.vozesespiritas.com.br)

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