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Editorial

Sobrevivência da floresta

30 Mai 2018 - 12h05
Sobrevivência da floresta -
É quase impossível de acreditar mas a Floresta Amazônica pode sobreviver à degradaçaõ que vem sendo imposta há anos pelo homem. A boa nova vem de um relatório conhecido como "Desmatamento zero na Amazônia: como e por que chegar lá" elaborado por diversas entidades ambientalistas internacionais.As projeções indicam que isso pode ser possível até 2030.

Entretanto, essa não é uma tarefa considerada fácil, uma vez que depois de um período de redução nos índices, o desmatamento voltou a aumentar na região. Levantamentos indicam que a taxa média de corte da floresta entre 2013 e 2017 foi 38% maior do que em 2012. Do total desmatado, 65% são usados para pastagens de baixa eficiência, com menos de um boi por hectare. O retorno para a economia é ínfimo.Além disso, a área desmatada da Amazônia já chega a 74 milhões de hectares. O que foi cortado entre 2007 e 2016 adicionou quase nada ao PIB, apenas 0,013%.

Por mais que existam centenas de estudos em relação à importância da floresta para a sustentabilidade do planeta, muita gente ainda não conhece o poder do bioma. Na Amazônia, por exemplo, uma árvore é capaz de reciclar 500 litros de água por dia. Esse gigantesco sistema de irrigação é fundamental. Desmatar é furar o regador do agronegócio acreditam os especialistas no assunto.

Na realidade, de acordo com o pesquisador, zerar o desmatamento não prejudica o setor da agropecuária. Esses mesmos estudos também revelam que essa atividade pode prosperar sem a necessidade de desmatar. Além disso, se a parceria com a floresta for bem articulada, o Brasil tem a chance única de ser o celeiro do mundo e, ao mesmo tempo, ter sua vegetação nativa preservada. Na verdade, as florestas serão um grande ativo econômico em um mundo que sofre o processo de mudanças climáticas.

O que está em jogo nesse tabuleiro bem manipulado ao prazer dos enxadristas de plantão são as estratégias utilizadas pelos grandes proprietários de terras e também pelos invasores. Em sobrevoos de fiscalização, é possível avistar áreas desmatadas sem qualquer construção, onde apenas os bois vigiam o terreno e quebram o silêncio com seus mugidos. O que já é sabido é que os grileiros invadem esperando, um dia, a regularização fundiária de uma terra que é pública.

Esse tipo de prática ao longo dos anos fez com que o rebanho bovino na Amazônia saltasse 37 milhões de cabeças em 1995, o que era equivalente a 23% do total nacional, para 85 milhões em 2016, elevando para 40%. Além disso, já existem evidências cientifíficas de que a pecuária para a criação de gado é a atividade que mais contribui para o desmatamento na Amazônia, ocupando 65% da área desmatada, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia. Por outro lado, é possível recuperar as áreas já desmatadas para atividades integradas de lavoura e pecuária. Na verdade, essas áreas podem ser reponsáveis para o aumento da produção de carne sem precisar desmatar mais nada.

Entretanto, qualquer medida que venha a ser tomada precisa sermuito bem articulada com as comunidades que vivem da floresta ou que moram em suas proximidades. Sem olhar para a população local, sem olhar para os problemas locais, não será possível conseguir mudar esse quadro. Nesse sentido, também é de fundamental importância o envolvimento de outros setores da sociedade, como o empresarial. Alguns exemplos dessa logística de sucesso, podem ser creditados no projeto contribuição para o desmatamento zero, como a participação de algumas grandes redes de supermercados, que estão incorporando as práticas de sustentabilidade como condição para o fechamento de bons negócios.

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