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Editorial

Reflexões republicanas

14 Nov 2017 - 08h00
Reflexões republicanas -
Amanhã é o dia da Proclamação da República. O que era para ser uma celebração dá lugar à reflexão. Depois de 128 anos é preciso lembrar do fim de um regime que oprimia a nação brasileira e do nascimento de uma proposta que trazia esperança para a população. No final da década de 1880, a monarquia brasileira estava numa situação de crise. Ela representava uma forma de governo que não correspondia mais às mudanças sociais em processo. Fazia-se necessário a implantação de uma nova forma de governo, que fosse capaz de fazer o país progredir e avançar nas questões políticas, econômicas e sociais.

Passado todo esse tempo, a situação parece não ter mudado. Muitas coisas ainda acontecem como antes. É óbvio que houve avanços ao longo das décadas, entretanto, se já não existe mais o chicote real, ainda predomina o ranço do desmando, da desfaçatez, da falta de caráter e da desonra. O opressor continua sendo o Estado, apesar de não estar mais sozinho. Tudo é divido entre os poderes. Das responsabilidades às benesses. E as práticas políticas que eram vergonhosas, ainda predominam. A espada de Marechal Deodoro da Fonseca erguida sob punhos cerrados não foi suficiente para cortar a corrupção que ainda sobrevive nas ações de alguns republicanos sem moral.

Na época, as interferências de D. Pedro II nos assuntos religiosos, provocando um descontentamento na Igreja Católica. Além disso, surgiram muitas críticas de alguns integrantes do exército brasileiro, que não aceitavam a corrupção existente na corte. Além disso, os militares estavam descontentes com a proibição, imposta pela Monarquia, pela qual os oficiais do Exército não podiam se manifestar na imprensa sem uma prévia autorização do Ministro da Guerra. Por outro lado, A classe média (funcionário públicos, profissionais liberais, jornalistas, estudantes, artistas, comerciantes) estava crescendo nos grandes centros urbanos e desejava mais liberdade e maior participação nos assuntos políticos do país. Identificada com os ideais republicanos, esta classe social passou a apoiar o fim do império. Como se não bastasse, o poder vigente já não contava com o apoio dos proprietários rurais, principalmente dos cafeicultores do Oeste Paulista, que desejavam obter maior poder político, já que tinham grande poder econômico. E assim nasceu a República Federativa do Brasil.



Hoje, muito além do brilho pálido da realeza, o poder que emana do povo, mas que na maioria das vezes parece não ser exercido em seu nome, continua a reproduzir exemplos monárquicos que continuam oprimindo toda a nação. Se atualmente, o Brasil é uma nação rica e soberana, a população ainda sente na pele a dor da exploração. Além disso, os tesouros do Brasil continuam sendo dilapidados por boa parte dos governantes. Até bem pouco tempo, nas administrações de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Roussef, somas infindáveis em reais foram enviadas para custear obras em países comandados por ditadores, como aconteceu com os empréstimos feitos com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) à Cuba e Venezuela.

Mas apesar das mazelas existentes, os ideais de libertação e de democracia ainda pulsam nos corações dos brasileiros. Além disso, mesmo diante de uma República onde seu atual presidente foi denunciado duas vezes pelo Ministério Público Federal e que teve que barganhar sua permanência no poder a peso de ouro de muitas barganhas, o Brasil resiste.

É preciso refletir sobre o presente que temos e o futuro que queremos. Na realidade, a democracia tem um preço e no final, quem paga a conta é o próprio cidadão. A existência de um legislativo caro e inoperante é o reflexo das urnas. É inadmissível, após 128 anos, um deputado custar mais de R$ 86 milhões por mês aos cofres públicos.

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