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Editorial

R$ 2,06 trilhões de impostos

16 Dez 2017 - 08h00
R$ 2,06 trilhões de impostos -
O brasileiro já pagou, até ontem, um total de R$ 2,06 trilhões de impostos, calcula o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A cifra corresponde ao total de impostos, taxas e contribuições pagos pelos contribuintes desde o primeiro dia de 2017. No ano passado, o montante só atingiu R$ 2 tri em 29 de dezembro, o que revela crescimento da arrecadação tributária. O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) revela que existem hoje 63 tributos que, direta ou indiretamente, afetam a população, entre eles, o ICMS, Pis, Cofins, IPI, ISS, IOF e uma porção de outras siglas que abocanham, em média, 41,8% do rendimento do contribuinte e fazendo com que cada cidadão trabalhe 153 dias por ano apenas para pagar impostos.

O Estado de Mato Grosso do Sul arrecadou, até ontem, R$ 20,3 bilhões. A Capital Campo Grande, por ser a maior cidade do Estado, recolheu de seus contribuintes a cifra de R$ 953 milhões, enquanto Dourados, a segunda cidade, arrecadou R$ R$ 169 milhões. Entre os demais municípios, de maior porte populacional, está Três Lagoas, com R$ 119 milhões, Corumbá, com R$ 78 milhões e, Ponta Porã, com arrecadação de R$ 37 milhões.

O detalhe é que a maioria da população paga imposto sem nem saber que está pagado como, por exemplo, a Ceia e artigos para o Natal. Apesar do esforço de algumas famílias em pesquisar preços para economizar, não dá para escapar dos altos índices de imposto nos produtos mais comercializados nesta época do ano. Segundo um levantamento feito pela empresa de consultoria e auditoria BDO, o percentual de tributos que compõem a ceia de Natal pode ultrapassar 57%. O valor dos produtos pode ter incidência de ICMS, PIS, Cofins e IPI, sendo que esses tributos já estão entre os mais altos do mundo.

O espumante nacional tem impostos de 57,90%. Já os alimentos da categoria de peru, chester e pernil ficam com 25,41% de imposto. Para o panetone, consumido não apenas na ceia, 21,25% do valor é composto por tributos, enquanto as nozes, têm 18% de imposto. Os artigos de decoração apresentam alíquotas ainda maiores que os alimentos. Conforme o levantamento da BDO, os brasileiros pagam 47,25% de imposto nos enfeites de Natal e 47,25% nas luzes e árvores de Natal.



Dentre as 30 nações com a maior carga tributária, o Brasil continua sendo o que proporciona o pior retorno dos valores arrecadados em prol do bem estar da sociedade. A Austrália, seguida pela Coreia do Sul, Estados Unidos, Suíça e Irlanda, são os países que melhor fazem aplicação dos tributos arrecadados, em termos de melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos. O Brasil, com arrecadação altíssima e péssimo retorno desses valores, fica atrás, inclusive, de países da América do Sul, como Uruguai e Argentina.

Para equilibrar as despesas no Brasil, o Banco Mundial sugeriu mais impostos para ricos no País. Após uma análise dos gastos públicos brasileiros, o Banco Mundial foi enfático: o Brasil vem gastando mais do que pode e, além disso, gasta mal. Um estudo do banco, solicitado pelo Governo Federal, alerta que alguns programas governamentais não têm atingido de forma eficaz o seus objetivos e ainda beneficiam mais os ricos que os pobres. O banco ressalta, ainda, que o nível dos salários dos servidores federais é bastante alto e, em média, 67% superior ao do setor privado, algo atípico em relação aos padrões internacionais.

Como os brasileiros estão cada vez mais conscientes de que pagam altíssimos tributos, quando o governo anuncia mais um aumento, como do combustível, do gás de cozinha e da energia elétrica, acaba sendo "normal" pagar um pouco mais de imposto. Aliás, o brasileiro já está acostumado e, como ainda não existe uma preocupação da sociedade civil em cobrar dos governantes uma mudança na forma de reajustes de impostos, tudo caminha da mesma forma. Desde o agravamento da crise econômica, o governo bate na tecla de que é preciso aumentar a arrecadação para a retomada da economia. No entanto, com uma das maiores cargas tributárias do mundo e sem o retorno desses tributos para a sociedade, fica difícil acreditar que essa saída seja a melhor alternativa.

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