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Editorial

Desigualdades evidentes

12 Jun 2018 - 07h00
Desigualdades evidentes -
A escalada da desigualdade de gêneros continua acentuada no mundo. O Brasil está na 90ª posição em ranking do Fórum Econômico Mundial que analisa a igualdade entre homens e mulheres em 144 nações. Na primeira edição da pesquisa, feita em 2006, o Brasil estava em 67º.Segundo o relatório, apesar de igualdade de condições nos indicadores de saúde e educação e de "modestas melhorias" em termos de paridade econômica, as mulheres brasileiras ainda enfrentam acentuada discrepância em representatividade política, o que empurra o índice brasileiro para baixo. Mais especificamente, as mulheres brasileiras sofrem com baixa participação em ministérios e no Legislativo, e salários mais baixos.Dos 513 deputados federais, apenas 51 são mulheres, o que significa apenas 10% do total. No Senado, elas representam 13 das 81 cadeiras (16%). Já no governo do presidente Michel Temer, a disparidade é ainda mais evidente, já que somente 2 dos 28 ministérios são ocupados por mulheres (7%). Segundo o relatório, a renda média da mulher corresponde a 58% da recebida pelo homem. Esse mesmo percentual foi registrado no ano passado. A média salarial em 2017 está estimada em US$ 11.132 (R$ 36.330) para mulheres e US$ 19.260 (R$ 62.860) para homens. Na saúde e na educação, as brasileiras têm melhores indicadores. Para cada estudante homem do ensino superior brasileiro, elas ocupam 1,4 vaga. Já a expectativa de vida feminina é de 67,8 anos, frente a 63,1 anos da masculina.Além disso, o Brasil é o pior colocado entre as economias do continente, atrás da Argentina (33º), Colômbia (36º), Peru (48º), Uruguai (56º), Chile (63º) e México (81º). O relatório, que analisa a conjuntura nas áreas de trabalho, educação, saúde e política, mostra que a desigualdade de gênero voltou a crescer no mundo pela primeira vez após uma década de avanços constantes.O estudo, realizado anualmente desde 2006, aponta que, mantido o ritmo atual, será preciso um século para acabar com a distância global entre homens e mulheres em escala mundial, contra os 83 anos calculados em 2016. Já as diferenças de gênero no local de trabalho persistirão por mais 217 anos, quando no ano passado a previsão era de 170 anos para se atingir este objetivo. Na avaliação dos especialistas, este retrocesso se explica pelo aumento da diferença entre homens e mulheres nos quatro pilares estudados pelos especialistas. Na realidade, as áreas onde as diferenças entre sexos são mais difíceis de superar são economia e saúde, enquanto o abismo político entre os sexos é o mais escandaloso. A Islândia se manteve na liderança do ranking de igualdade de gênero, seguida por Noruega e Finlândia.Entre os países do G20, a França (11ª) ocupa a primeira posição em matéria de igualdade, seguida por Alemanha (12ª), Grã-Bretanha (15ª), Canadá (16ª) e África do Sul (19ª). Os Estados Unidos caíram quatro posições e aparecem em 49º entre os melhores países. O estudo nota que a queda do país mais poderoso do mundo se deu por conta da redução na participação feminina no governo Trump, o mais "masculino" do país em décadas: 80% das posições principais do gabinete republicano são ocupadas por homens. No contexto geral, a situação do Brasil é péssima. Entretanto, em comparação aos poderes Executivo e Legislativo, o Judiciário se sobrepõe, considerando que no Supremo Tribunal Federal e na Procuradoria Geral da República, duas mulheres estão no comando. É pouco, mas já representa um passo importante na reversão do atual cenário.Trazendo o foco para o Mato Grosso do Sul, destacam-se as mulheres que ocupam postos importantes, como a vice-governadora, uma senadora, uma deputada federal, três deputadas estaduais. Em Dourados, as mulheres exercem a supremacia nos três poderes, com Délia Razuk no comando da Prefeitura, Daniela Hall, na presidência da Câmara e a juíza Daniela Tardin na direção do Foro.

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