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Editorial

Contaminação das águas

27 Jun 2018 - 07h00
Contaminação das águas -
Diante do uso indiscriminado de venenos nas lavouras, as águas estão com altos índices de contaminação. O alerta é da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura através de relatórios que tratam do assunto e que revelam as práticas agrícolas inadequadas. Pelas análises, o problema representa uma grave ameaça para a saúde humana e para os ecossistemas do planeta. O que também fica evidente é que esse tipo de assunto é frequentemente subestimado tanto pelos responsáveis por políticas públicas como pelos agricultores. O que causa preocupação é que esse tipo de ameaça é fomentado pela indústria dos agrotóxicos. Levantamentos recentes mostram que desde 1960, o uso de fertilizantes minerais aumentou dez vezes, enquanto desde 1970 as vendas globais de pesticidas passaram de quase US $ 1 bilhão por ano para US $ 35 bilhões. O que é cada vez mais evidente, segundo o relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, é que em muitos países, a maior fonte de contaminação da água é a agricultura, uma vez que o poluente químico mais comum nos aquíferos subterrâneos são os nitratos procedentes da atividade agrícola, advertiu relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Na verdade, conforme estudos, A agricultura moderna é responsável por lançar grandes quantidades de agroquímicos, matéria orgânica, sedimentos e sais nos corpos da água. Dessa forma, a poluição afeta bilhões de pessoas e gera custos anuais que também superam bilhões de dólares. No entendimento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, agricultura é o maior produtor de águas residuais, por volume, e o gado gera muito mais excrementos que os humanos. À medida que se intensificou o uso da terra, os países aumentaram enormemente o uso de pesticidas sintéticos, fertilizantes e outros insumos. Além dos agrotóxicos usados em larga escala na agricultura em diversos países e especialmente no Brasil, a intensificação da produção pecuária e o aumento do número global de animais, que praticamente triplicou, acabou gerando uma nova classe de poluentes. Tratam-se dos antibióticos, vacinas e promotores do crescimento hormonal que viajam através da água a partir de fazendas para os ecossistemas e para a água que a população bebe. Mesmo que a utilização desses insumos tenham contribuído para impulsionar a produção de alimentos, também deram lugar a ameaças ambientais, assim como a possíveis problemas de saúde humana. Nesse cenário, os poluentes agrícolas mais preocupantes para a saúde humana são os agentes causadores de doenças e que são vinculados ao gado, praguicidas, nitratos nas águas subterrâneas, elementos metálicos e outros poluentes emergentes, como os genes resistentes às substâncias excretadas pelo gado. No entendimento de especialistas, o novo relatório representa a análise mais completa da dispersa literatura científica sobre o tema realizada até hoje, e tem como objetivo fechar lacunas de informação e desenhar soluções no nível de políticas e das exportações agrícolas em uma única referência consolidada. Outra contribuição do levantamento realizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura é que ele aponta que a maneira mais eficaz de mitigar a pressão sobre os ecossistemas aquáticos e rurais é limitar a emissão de poluentes na fonte ou interceptá-los antes que eles atinjam ecossistemas vulneráveis. Uma vez fora das fazendas, os custos de reparo aumentam progressivamente. Os especialistas também acreditam que nas atividades pecuárias, é necessária a implementação de técnicas tradicionais, como a restauração de campos degradados e melhor manejo de alimentos para animais, aditivos alimentares e medicamentos. Outra medida recomendada é a utilização de novas técnicas e tecnologias de reciclagem de nutrientes, como biodigestores de resíduos agrícolas.

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