Artista, mesmo!

Conheça Gabriel, o jovem que fez uma réplica de papelão de uma moto de 1000cc

Tem roda, motor com pistão e tudo mais que a moto verdadeira tem. Talento nato, com muita dedicação

9 AGO 2018 • POR Luiz Radai • 17h09
Gabriel Arruda, mestre de obras, youtuber, artista. Orgulho para Dourados - Luiz Radai

“Deixa eu dar uma volta na sua moto?

Não.

Por quê?

Porque ela é de papelão...”

 

Parece piada, como no diálogo inventado acima, mas em Dourados é totalmente possível que uma pessoa responda tal pergunta da mesma forma. Gabriel Arruda Gomes Geraldo, de 19 anos, é o artista nato que trabalha com papelão e desenvolveu habilidades incríveis, sendo o responsável por construir, peça a peça, e montar, uma motocicleta modelo ZX-10R, da Kawasaki, de papel.

O Progresso Digital conheceu a fera depois que o vídeo dele fazendo a moto foi compartilhado por um douradense. O vídeo alcançou mais de 27 milhões de visualizações, com mais de 350 compartilhamentos e milhares de comentários em uma página do Facebook chamada Blunt Kommunity. No canal do próprio Gabriel no YouTube, o Nolcorp Arts, são quase 2 milhões de visualizações.

Na redação do OProDigi, Gabriel contou como fez tudo isso e, então, descobrimos que ele já fez muito mais, e pretende outros tantos projetos.

Gabriel trabalha com o pai no ramo da construção civil e nunca fez curso de artesanato ou qualquer coisa parecida que o habilitasse ser o artista que se tornou. Como conta, se interessa por trabalhos usando o papelão desde os 7 anos de idade, quando não tinha brinquedos ‘convencionais’, e então os fabricava, usando revistas de publicidade de supermercados e lojas de departamentos, atreladas ao papelão.

“Só posso dizer que é um dom. Deus me deu esta capacidade. Difícil dizer que isso possa ser aprendido. As noções de proporção, principalmente, são o que considero um dom”, disse.

Mas se o interesse inicial era em fazer os próprios brinquedos, uma paixão também o induziu a fazer a primeira réplica. Como curte muito a aviação, Gabriel decidiu fabricar uma miniatura em papelão de um avião e, com o êxito, em seguida, fez o carro principal do filme “De Volta para o Futuro”.

“Eu já pensei em fazer arquitetura, engenharia, mas sempre tive fascínio pela aviação desde quando era pequeno. Perdi as contas de quantos aviões fiz de papel, mas não apenas dobrando”, disse, lembrando que a referência sempre foi apenas o contato visual em fotos.

Na escola, sempre tinha aqueles que queriam fazer o trabalho em grupo com ele. Nota 10, sempre, se o caso era fazer uma maquete. Era admiração pura. Admiração que também tem de familiares e amigos, mas como ele diz, “ninguém sabe o que pode sair ao final do trabalho, e sempre todos são surpreendidos, até eu”.

Com este talento, foi então que ainda outras tantas maquetes, instrumentos musicais em tamanho real, como trompetes, tubas, violoncelos, violinos, e outros modelos de veículos em escala menor acabaram surgindo.

Para um desafio maior, Gabriel decidiu então fazer a réplica da ZX-10R da Kawasaki, e um ano e dois meses depois, ficou famoso pela minuciosa dedicação em construir uma motocicleta de papelão com todas as peças e engrenagens que imitam as funções reais do veículo.

“O mais demorado foi a corrente da relação, mas tem os parafusos, piscas, carenagens, rodas e tudo que alguém puder imaginar. Ah, o motor também”, disse.

Sim! Toda a parte do motor, com pistões e tudo mais foi fabricado em papelão para depois ser montado. Desta vez, ele usou algumas medidas reais que conseguiu na internet, mas muitas referências foram fotos, resultando em um trabalho admirável.

A Kawasaki não entrou em contato, ainda. No entanto, segundo Gabriel, foi uma empresa ligada à Honda que pediu uma réplica da CB1000 (sabe né, concorrência de mercado rege estas coisas). “Fora isso recebi mais de 2 mil convites para fazer réplicas de motocicletas de papelão para todo tipo de gente. É uma oportunidade, vamos ver”, vislumbrou.

Em todo caso, Gabriel faz questão de ressaltar que o objetivo do trabalho dele é dar valor à reciclagem. “A minha preferência pelo papelão ocorre por ser a maneira de fomentar a reciclagem. Ao invés de jogar fora, poluir, o papelão serve para fazer arte, comover”, explica.

E se comover é o intuito, ele parece estar bastante empenhado. Segundo o jovem artista douradense, o próximo projeto é construir a réplica em tamanho real de um Camaro conversível. O Progresso Digital aguarda para mostrar mais esta peripécia do douradense mais talentoso da história. “Pretendo fazer conversível para ter os detalhes do interior, e com o motor também”, finalizou.

Manda ver Gabriel!

Aaah, e para quem ainda duvida ou quer ver mais sobre isso. Assista logo abaixo uma edição com os principais pontos da montagem do jovem. Irado!