Média de pedidos de cortes de árvore na Semsur é de 4 por dia - Crédito: Luiz Radai/ArquivoO número de árvores em Dourados pode ter caído pela metade em quatro anos. De 250 mil em 2014 para “pouco mais de 100 mil” em 2018, segundo dados pesquisados pela reportagem. Em quatro anos, uma das cidades mais arborizadas do país, por diversos motivos, e mesmo com todo o trabalho de conscientização e de reposição que o Imam tenta fazer, pode ter uma árvore, de cada duas que tinha.
A cada dia mais, as podas drásticas ou totais têm ‘clareado’ a visão nas ruas e, quando não isto, são as chuvas fortes que derrubam enormes árvores desestruturadas pelos cortes nas raízes para confecção de calçadas ou, simplesmente, por serem muito antigas e de espécie inapropriada para o solo e a região.
Há quatro anos, a informação era de que a cidade possuía 250 mil árvores e estava entre as mais arborizadas do MS e do país. Hoje, conforme a revista Galileu e dados do IBGE a cidade é a 27ª do Estado em percentual de árvores nas imediações das residências (96,9%). No Brasil, Dourados está na 590ª posição.
Segundo informação do ex-diretor do Imam, arquiteto Fábio Luis, não se tem um dado oficial sobre o número destes vegetais na maior cidade do interior do Estado, mas estima-se que pouco mais de 100 mil árvores existam na área urbana. No Imam, a informação é a mesma, embora ninguém tenha o número real. De lá também vem a informação de que só será possível saber com precisão após o Diagnóstico da Arborização de Dourados que subsidiará a elaboração do Plano Diretor de Arborização.
O fato é que, construções, problemas com árvores antigas, necessidade de poda e outras ações da população em geral têm diminuído o número de árvores.
Tentando aliviar este processo, em 2017 o Imam doou aos douradenses 7.377 mudas, sendo 4.108 de espécies nativas, 2.601 de frutíferas e 668 de plantas ornamentais. Este ano, já passa de 8,5 mil o número destas mudas doadas. Pouco, se considerar que este número representa em torno de 10% do total que foi tirado.
Assim, fica o alerta para a população, de que mesmo que tente, o Imam e a administração, sozinhos, não conseguirão arcar com toda a demanda e preservar a flora municipal é dever de todos.
Ainda com este panorama, Dourados é exemplo de arborização, conforme disse a doutora em Estruturas Ambientais Urbanas e presidente da Regional Centro-Oeste da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Eliane Guaraldo, em evento no ano passado.
“Dourados tem sido mostrada, inclusive, em congressos de participação de autoridades mundiais, como uma cidade que possui arborização homogeneamente muito mais generosa em relação a muitos locais de Mato Grosso do Sul e do Brasil”, disse a convidada do Imam durante a programação da XVII Semana do Meio Ambiente e XX EcoDourados de 2017.
Ela comentava naquele evento que a conta para saber o ideal de árvores em uma cidade não é a de “12 metros quadrados de área verde por habitante”, mas sim levar a sério o benefício urbanístico, pelo qual “cada morador das cidades precisa de 20 minutos para se chegar a uma área verde”.
Mesmo assim, se a devassa nas árvores continuar no ritmo que está, será necessário caminhar um pouco mais do que 20 minutos.
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